O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 06.11.10 às 21:21link do post | favorito

 

 

 

 

Escrevo esta mensagem atendendo ao número de pedidos que recebi, quer via blogue, quer via e-mail, para permissão ao acesso no novo blogue Visão ENFernal.

 

Tal como referido anteriormente, a decisão de tornar este blogue restringido a determinados membros deveu-se à violação dos direitos de autor por quem forçosamente não incluiu a fonte nos artigos por mim escritos, mesmo após ter solicitado pessoalmente o mesmo.  Concluindo, não me resta outra alternativa a não ser assumir a decisão de tornar o blogue privado.

A questão que se coloca é, porquê seleccionar os membros do CHP? Simplesmente por ser funcionário desta instituição hospitalar, como tal exerço funções "na" e "para" o CHP, o que me facilita inclusive o alargamento do espectro de assuntos a tratar com os colegas com quem partilho o local de trabalho. Por outro lado tenho a perfeita consciência de que seleccionando os membros com critérios por mim assumidos, as situações que me conduziram a tomar esta medida não se irão repetir. E tal como foi sublinhado anteriormente, abrirei excepção para alguns colegas cuja participação foi preponderante para o curso do blogue, pelo que a sua presença será indiscutivelmente preponderante.

 

A todos os que acompanharam o Visão ENFernal e que invariavelmente não o vão poder fazer, resta-me pedir desculpas pelo sucedido, esperando que compreendam que esta medida foi forçosa e não tomada de ânimo leve. É e foi de todo um grande prazer poder partilhar connvosco estes momentos de reflexão, que espero que tenham sido frutíferos e enriquecedores para vocês como profissionais de enfermagem.

 


https://1.bp.blogspot.com/_zBp19ZE4rXc/TC3QHco-tpI/AAAAAAAAD3g/9ID7gjUPLK8/s1600/writing.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 29.10.10 às 20:52link do post | favorito

Não é brincadeira! Para além das águas gourmet, vende-se no mercado água enriquecida com oxigénio.

 

 

 

Não querendo passar por céptico na matéria, vamos compreender se de facto existem vantagens ou não na utilização deste produto. Quem poderia precisar de um maior aporte de O2? Um atleta certamente, contudo a empresa garante um maior bem-estar com a toma regular de água enriquecida com O2. Veremos se sim ou se não...

 

Ora atendendo à Lei de Henry, qualquer gás pode dissolver-se num líquido com o qual se encontra em contacto, mais concretamente a quantidade de gás que se dissolve num líquido a uma determinada temperatura é directamente proporcional à pressão parcial do gás. À diferença entre a tensão parcial dos gases que se encontram em contacto com o líquido e a tensão do gás dá-se o nome de Gradiente de Pressão – quanto maior for o gradiente de pressão, mais gás é absorvido pelo líquido (ver vídeo seguinte).

 

 

Logo, ninguém poderá negar a autenticidade do produto, pois quanto maior pressão parcial de gás injectado na garrafa, resultará certamente numa solução mais enriquecida em O2 (apesar da fraca solubilidade do oxigénio na água). Agora o que poderá acontecer se removermos a tampa da garrafa? O gradiente de pressão diminui relativamente ao ambiente a que a garrafa apresenta, ou seja, atinge-se uma pressão semelhante à pressão atmosférica, logo todo o oxigénio que enriqueceria a água a que nos propúnhamos a beber… desapareceria.

 

Mas mesmo assim, considerando que ao destapar a garrafa conseguiríamos por momentos apresentar uma solução bem enriquecida de oxigénio, será este suficiente para melhorar a performance de um atleta? Um estudo publicado no JAMA em 2003 afirma que não. Usando como referência uma das águas com maior PO2 dissolvido, em que a concentração de O2 da água comum engarrafada ronda os 10% comparativamente à usada para estudo, os investigadores chegaram à conclusão de que este tipo de águas “oxigenadas” não servem mais do que apenas meros placebos.

O facto é simples: respiramos uma mistura de ar/oxigénio a nível da água do mar na ordem dos 21%. Assim, por cada 100ml de ar, existe 21ml de O2. Um adulto tem uma Capacidade Vital em média na ordem dos 500ml por ciclo respiratório, logo inspira cerca de 105ml de O2 por cada ventilação efectuada. Cada garrafa destas disponibilizadas no mercado apresenta 330ml de água com uma pequena fracção de oxigénio dissolvido. Ou seja, por cada inspiração efectuada, assimilamos uma maior quantidade de O2 do que bebendo uma garrafa de água “oxigenada” de rajada.

 

A única forma de resolvermos este dilema seria a possibilidade de se poder beber oxigénio líquido puro. Isto porque cada litro de oxigénio na forma líquida equivale a cerca de 860 litros de oxigénio gasoso. Ora como só pretendemos 0,33l, cada garrafinha conteria cerca de 283ml de oxigénio gasoso. A única contrapartida é a possibilidade de criar com relativa facilidade sensibilidade dentária, atendendo a que o oxigénio assume a forma líquida a -182,96º.

 

O porquê de ter inserido esta pequena reflexão neste blogue? Pois nem todo o conhecimento que nos é oferecido tem legitimidade ou backup científico, mesmo inserido em bases de dados credíveis ou repositórios de informação científicos. Apelo a todos os meus colegas para que na vossa prática diária sejam reflexivos, críticos e, acima de tudo, assertivos na forma como fundamentam as atitudes que preconizam e nos problemas que diagnosticam. Esta é a base para a construção de uma enfermagem credível, com maior visibilidade não só pelas outras classes profissionais, mas também pelos próprios doentes. É urgente abandonar o estereotipo da arte e do saber pela experiência, o cancro cuja malignidade tende a não desaparecer e que nos conduz à falta de credibilidade pelos outros que nos avaliam.

 

É esta a mensagem que gostaria de deixar transparecer, a missão deste Visão ENFernal, um blogue que a partir de hoje em diante ficará com acesso restringido apenas aos enfermeiros do Centro Hospitalar do Porto e a outros colaboradores com convites particularmente endereçados. Para ultimar este post, gostaria de prestar o meu agradecimento a todos os enfermeiros que participaram nas discussões que surgiram neste espaço, um bem-hajam.

 

Ciro Teixeira.

 


http://www.oxygenez-vous.com/shop/img/p/13-67-thickbox.jpg

http://www.oxygenez-vous.com/shop/lang-pt/13-ogo-agua-enriquecida-com-oxigenio.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Henry

http://www.web-dive.com/?lang=pt&option=41

http://www.youtube.com/watch?v=8yU5y-cFXoo

http://jama.ama-assn.org/cgi/reprint/290/18/2408-b.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%A9nio_l%C3%ADquido


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publicado por Visao ENFernal, em 24.10.10 às 18:58link do post | favorito

 

Apesar de ninguém ter lançado polémica (no bom sentido) sobre o repto do post anterior, vou desenvolver o assunto baseando este tema num trabalho realizado por mim, pelo Enfº Filipe Fernandes e pelo Enfº Nuno Abreu (CHP - Hospital Santo António).

 

Com bastante frequência assistimos a incongruências na conduta a adoptar quando se assiste a um episódio de volume residual gástrico superior a 100ml. Nos serviços em que essa prática se encontra protocolada, muitas das vezes baseiam-se em pressupostos obsoletos, não acompanhando a evolução do pensamento e da prática clínica. Esta falha na sistematização de procedimentos conduz, com frequência, à diminuição do aporte nutricional do doente sem justificação aparente, pelo facto de não existirem standards de atuação.

 

Por esse motivo realizámos uma pesquisa bibliográfica, considerando estudos que maioritariamente contemplam cohecimento baseado na evidência. Adicionalmente algumas alterações foram realizadas ao trabalho original, atendendo a algumas pesquisas que elaborei recentemente.

 

Assim sendo, o objectivo desta revisão é conhecer as medidas a adoptar no sentido de prevenir a Pneumonia de Aspiração em doentes com Nutrição Entérica Contínua e minimizar as interrupções dessa terapêutica que conduzem à redução do aporte nutricional. Baseado na literatura consultada, os 200ml de volume residual gástrico é o valor que irá determinar o procedimento por parte do enfermeiro.

 

Não existe consenso sobre este valor por parte dos autores consultados, contudo foi aquele citado com maior frequência. A questão agora é, o que fazer quando o volume é superior a 200ml?

 

Para facilitar a compreensão e apreensão do "suposto algoritmo", criei um esquema muito semelhante ao realizado no trabalho:

 

 

 

 

O ponto de interrogação foi deliberadamente colocado no final do esquema, uma vez que a conduta a assumir a partir daquele momento não é consensual. Este pressuposto permite-me deixar um mote a todos os meus colegas enfermeiros, defensores da prática avançada: um tema para investigação em enfermagem.

No final, como já é habitual, exponho os links onde pode ser consultada informação adicional (que serviu para a realização deste artigo) para quem quiser explorar o tema.

 

 

PS: novamente manifesto publicamente o meu repúdio relativamente à publicação de posts deste blogue em outros espaços virtuais sem o consentimento prévio do autor. Terei todo o prazer em divulgar o conhecimento de enfermagem que não seja através do Visão ENFernal, contudo a autorização por via da cordialidade de um pedido é o único requisito que universalmente deveria ser assumido por quem pretende beneficiar da informação aqui disponibilizada. Não é minha intenção demover quem o faça, apenas alertar para um dilema que se intitula "direitos de autor".

 


http://ccn.aacnjournals.org/cgi/content/full/27/4/17

http://www.criticalcarenutrition.com/docs/cpg/protocolrev.pdf

http://gut.bmj.com/content/52/suppl_7/vii1.full

http://www.nice.org.uk/nicemedia/pdf/cg032fullguideline.pdf

http://www.evidencebased.net/

http://www.istockphoto.com/file_thumbview_approve/368745/2/istockphoto_368745-nasogastric-tube.jpg



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publicado por Visao ENFernal, em 19.10.10 às 11:42link do post | favorito

 

Deixo umas questões no ar de um tema que gera tanta controvérsia em Enfermagem:

 

  • O que é estase gástrica?
  • Com que volume residual gástrico devo rejeitar o conteúdo por forma a prevenir uma possível aspiração?

 

Será um assunto a ser abordado neste blogue (assim que o tempo me permitir) atendendo às recomendações internacionais por parte de organismos de renome.

 


http://www.utahmed.com/images/nutri-lokcap.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 19.10.10 às 11:18link do post | favorito

Para os colegas que exercem funções na área da medicina, cardiologia, pré-hospitalar, cuidados intermédios e intensivos, recomendo a leitura desta publicação:

 

(Uploading link)

 

PS: O Visão ENFernal não aloja e-books, apenas divulga endereços de locais onde já se encontram alojados. Se gosta do livro, adquira-o.

 


http://clinical-e-medicine.blogspot.com/2010/08/acute-cardiac-care-practical-guide-for.html

https://1.bp.blogspot.com/_tvtm_YTG2Is/THzlNPdRIEI/AAAAAAAAFSg/Qmkykq5tdbs/s320/51BqsDfFftL.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 19.10.10 às 01:06link do post | favorito

 

 

Publicado na Resuscitation, foram divulgadas as novas guidelines da European Resuscitation Council (ERC) 2010 (relembro que as últimas foram lançadas em 2005).

 

Do leque de mudanças que sugerem, sublinho as seguintes:

 

  • Há uma clara intenção em enfatizar as compressões torácicas no pré-hospitalar. Os leigos deverão ser atores (vide novo acordo ortográfico) num cenário de PCR, realizando pelo menos as compressões torácicas. O lema é algumas compressões sempre serão melhores do que nenhumas. Pessoas treinadas em SBV deverão realizar ventilações/compressões no mesmo rácio 2:30.
  • As compressões torácicas deverão ser implementadas o mais rapidamente possível e com menor número de interrupções (inclusive a interrupção das compressões torácicas para Entubação Endotraqueal deverá ser ponderada e apenas realizadas por peritos experientes).
  • As drogas não deverão ser mais administradas pela via Endotraqueal, pois no caso de não haver acessos periféricos, deverá ser utilizada a via intra-óssea.
  • A atropina não é mais recomendada para utilização em situações de Assistolia ou Actividade Eléctrica sem Pulso.
  • Em episódios de Síndrome Coronário Agudo, o emprego do Oxigénio deve ser restrito apenas a situações em que existe hipóxia, dispneia ou congestão pulmonar (o algoritmo MONA foi questionado pela Cochrane Col., num artigo que irei publicar em breve aqui no blogue).
  • Uso de terapêutica hipotérmica em doentes comatosos que sobreviveram após as manobras de RCP.

 

As guidelines podem ser consultadas neste site ou ou pode consultá-las em PDF através deste link.

 

 


http://www.atriumlegal.com/cms_media/images/500x500_fitbox-istock_000010975701small.jpeg

 


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publicado por Visao ENFernal, em 13.10.10 às 13:56link do post | favorito

 

 

 

 

Uma vez que tenho inscrição em muitas newsletters de jornais de investigação, recebo quase diariamente e-mails com recentes avanços na investigação clínica. Curiosamente este que vou agora descrever, retirado da Critical Care, não. Mas pela conclusão obtida (e atendendo a estudos posteriores que poderão descortinar resultados mais conclusivos) achei interessante o estudo (clicar para aceder). A amostra é quase insignificante, mas o que pretendo sublinhar é a possível correlação entre duas variáveis que, mais tarde, poderá (ou não) traduzir-se numa nova prática sistematizada em cuidados intensivos.

 

Volto a repetir, o estudo não é vinculativo, apenas demonstra uma pequena correlação entre o emprego de heparina em nebulização com a necessidade de ventilação mecânica invasiva prolongada (time = 28 dias). Inicialmente colocaria-se a hipótese de que a heparina teria efeito na melhoria da função pulmonar, facto que não se demonstrou, apenas constatou-se que doentes que receberam heparina em nebulização necessitaram de menos dias de ventilação mecânica invasiva comparativamente ao grupo placebo.

 

 

 

 

 


 

http://ccforum.com/content/pdf/cc9286.pdf

http://ccforum.com/content/14/5/R180

http://www.dukenursing.org/images/Specialities/critical_care_bottom.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 10.10.10 às 21:47link do post | favorito

 

EUOBUP. Significa European Union Optimal Blood Use Project, um projecto que pretende melhorar as práticas no processo de transfusão de hemocomponentes, quer em termos de segurança transfusional, uso adequado e conservação do hemocomponente, bem como a partilha de informações. Este documento reune informações preciosas e interessantes e recomendo a leitura por todos os colegas que, com frequência, são actores no processo de transfusão de componentes sanguíneos.

 

Infelizmente o documento está direccionado às enfermeirAs, esperemos que a próxima versão contemple os profissionais de enfermagem do sexo masculino.

 

 

 

(clicar aqui para aceder ao documento)

 


http://www.optimalblooduse.eu/

http://www.ipsangue.org/images/upload/File/manual_para_uso_optimo_do_sangue.pdf

http://www.ipsangue.org/maxcontent-documento-320.html

http://www.fenwalinc.eu/English/PublishingImages/blood-packunits.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 09.10.10 às 22:52link do post | favorito

 

 

Após um breve interregno, volto ao Visão ENFernal com um assunto sugerido pelos colegas Enfº. Nuno Abreu e Enfº Filipe Brandão. Após anos e anos de controvérsia (e diga-se de passagem, só agora) a Direcção Geral de Saúde solicitou ao GAIF um parecer técnico sobre a utilidade do Soluto de Dakin no tratamento de feridas. Esta associação (com uma equipa de enfermeiros à qual demonstro aqui publicamente o meu apreço) reuniu um conjunto de informações, tendo resultado num documento cuja conclusão final aponta para:

 

 

Apesar de não vinculativo, parece-me mais do que óbvio colocar definitivamente um ponto final no emprego do Dakin aquando da prescrição de tratamentos a feridas. O documento pode ser consultado através do site do GAIF ou directamente através deste link.

 


http://gaif.net/content/parecer-tecnico-soluto-de-dakin

http://www.faqs.org/photo-dict/photofiles/list/4488/5956toxic_poison.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 02.10.10 às 12:41link do post | favorito

 

 

 

O Visão ENFernal vai parar durante uma semana. Tempo para meditar com calma nas agruras da vida e quem sabe virei com novas ideias e temas para o blogue. Um bem hajam e regressarei em breve com um post relacionado com os anti-sépticos.

 

Siga p´ro camiño!

 


http://turismo-sostenible.net/wp-content/uploads/2010/03/la-concha-emblematica-del-camino-de-santiago1.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 01.10.10 às 23:04link do post | favorito

1ª Jornada de Controlo de Infecção - Centro Hospitalar do Porto

 

 

 

 

Mais informações aqui.

 

Tem um programa muito aliciante, pode ser consultado aqui.



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publicado por Visao ENFernal, em 29.09.10 às 13:44link do post | favorito

 

 

 

 

Já foi abordado neste blogue (infelizmente o post não é consultável por um erro do sapo blogs) o tema relacionado com a oxigenoterapia hiperbárica (OHB). Esta modalidade de tratamento apresenta inúmeras indicações clínicas, dentro das quais salientam-se:

 

  • Lesões induzidas por radiação ionizante (ex: cistite rádica);
  • Embolia gasosa;
  • Síndromes de descompressão (ex: mergulhadores);
  • Intoxicação por monóxido de carbono;
  • Atraso da cicatrização de feridas das extremidades (ex: úlceras de pé diabético);
  • Tratamento de situações infecciosas (principalmente provocadas por agentes anaeróbios);
  • Surdez de instalação súbita;
  • Viabilização de enxertos realizados por cirurgia plástica e reconstrutiva.
  • etc.

 

Existe um leque de indicações importante, contudo outro tipo de aplicações da OHB encontra em estudo. Quanto às complicações induzidas pela hiperóxia e hiperbarismo, existem estudos que demonstram alterações histológicas e na morfologia das vias aéreas inferiores, mais precisamente a nível do parênquima pulmonar (edema, congestão e hemorragia intra-alveolar). Contudo o conhecimento destas alterações a nível da mucosa nasal não é conhecida, pelo que um investigador Português decidiu estudar que compromissos a OHB provoca na zona anatómica do nariz:

 


ALTERAÇÕES NA MUCOSA NASAL PROVOCADAS PELA PRESSÃO ATMOSFÉRICA, OXIGÉNIO E OUTROS FACTORES.

Paulo Sérgio Alves Vera-Cruz Pinto (2009)

Dissertação de Doutoramento em Ciências Médicas - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar - UP

(clicar para aceder ao estudo)

 

 

Deixo aqui os highlights deste estudo:

 

  • A OHB usada numa situação aguda não provoca alterações da mucosa nasal, pelo que o seu emprego é seguro;
  • Ao contrário do tratamento agudo, em situações crónicas a OHB provoca alterações histológicas e funcionais da mucosa nasal (com pelo menos 15 sessões).
  • Segundo o investigador, "o tratamento crónico com OHB está relacionado com alterações funcionais, com aumento do débito aéreo nasal e a alterações morfológicas por resposta inflamatória traduzida por infiltração leucocitária da mucosa, aumento de espessura da membrana basal ou do epitélio".

 

Post scriptum...

Coloquei este estudo aqui no blogue não pelo evidente interesse que tem para Enfermagem. Primeiro, por um lado, para mostrar que existem estudos em Portugal de interesse inegável, e com maior frequência se encontra em repositórios trabalhos realizados por estudiosos do nosso País - felizmente. Por outro lado, para mostrar que existem teses de mestrado/doutoramento cujo outcome traduz-se em evolução no conhecimento actual.

 

Por outras palavras são cientificamente úteis.

 

O percurso pós graduado em enfermagem tem vindo a aumentar o número de artigos e estudos publicados em bases de dados, contudo numa mesma linha teórica com a (quase obcessão) necessidade em mostrar o papel do enfermeiro num tipo de serviço qualquer.  Há trabalhos com mérito mais que comprovado mas a grande fasquia aponta para mais do mesmo. Quando é que de uma vez por todas vamos abandonar a espiritualidade, vivências, "sentidos de vida" e moratórias e partir para algo mensuravelmente útil?

 


http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/19381

http://www.hypertc.com/articlepage.cfm?id=90

http://www.sechristind.com/introduction-to-hyperbaric-oxygen-therapy.html

http://www.balancedhealthtoday.com/articles.html

http://www.ecotecmed.com.br/ohb.htm#clinicas

http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=119

http://en.wikipedia.org/wiki/Hyperbaric_medicine

http://www.hyperbaricanswers.com/images/chamber_talking.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 28.09.10 às 13:31link do post | favorito

 

Em conversa com um amigo enfermeiro, surgiu a seguinte proposta...

 

Porque não criar um grupo de trabalho no Hospital de Santo António de enfermeiros de vários departamentos com vista a promover momentos periódicos de reflexão? Uma espécie de tertúlias em que voluntariamente se discutiam assuntos de carácter da profissão, com obviamente o apoio da instituição?


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publicado por Visao ENFernal, em 26.09.10 às 22:59link do post | favorito

 

 

 

Olá a todos os visitantes deste blogue. Antes de mais devo dizer que, por um lado atendendo à falta de tempo e por outro relacionado com a complexidade do tema que estou a trabalhar, o próximo post sobre um tema controverso em enfermagem será publicado daqui a uns dias. Contudo julgo que será "incendiário", e por isso terei de sustentar bem cada palavra que será escrita.

 

Assim aproveitarei para divagar um pouco sobre outros assuntos. Primeiro gostava de agradecer a todos os colegas que aqui perderam uns minutos para comentar os novos artigos, alguns de vocês conheço-vos pessoalmente, conheço o vosso profissionalismo acima da média e por isso o vosso espírito interventivo por um lado já não seria uma novidade. Gostaria muito de vos ter por cá para participar neste espaço pois são estes momentos de reflexão e com crítica ponderada que nos fazem crescer não só como pessoas mas como enfermeiros.

 

Outra boa notícia é o número de visitantes que tivémos na semana passada, que rondou as 600 (uma média de 80 por dia). Trata-se de um número nunca atingido no primeiro ciclo do Visão ENFernal, daí já poder assumir o sucesso desta nova versão (obrigado também Facebook).

 

Para terminar, deixo aqui a divulgação de um evento que julgo que irá despertar interesse em muitos de nós. Trata-se do 10º Congresso Científico do Conselho Europeu de Ressuscitação, que irá ter palco na cidade Invicta nos dias 2 a 4 de Dezembro. O programa preliminar pode ser consultado neste link e aconselho a darem uma vista de olhos pois terá temas de interesse indiscutível.

 

 

 

Até breve!

 


https://congress.erc.edu/index.php

http://www.sntpt.com/celebracoes2009/images/stories/hesaid_press.jpg

 


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publicado por Visao ENFernal, em 20.09.10 às 17:35link do post | favorito

 

 

 

Com frequência assisto à aplicação do produto Cavilon (seja em formato creme ou spray) em zonas de pressão com eritema branqueável, ou mais tardiamente, em úlceras de categoria I. O intuito é claro: prevenir ou retardar a evolução destas lesões.

 

A minha pergunta é: fundamentado em quê?

 

Em jeito de brincadeira, vamos levantar a seguinte hipótese: será o cavilon um produto eficaz para prevenir ou retardar o aparecimento de úlceras de pressão pelo seu uso em zonas de pressão susceptíveis?

 

Vamos começar por conhecer este produto da 3M...

Tanto o cavilon creme como o spray foram desenhados para garantir uma barreira de pele, ou seja como se de uma película se tratasse para evitar principalmente lesões por humidade. Segundo o laboratório, podemos descrever as suas indicações:

 

  • Prevenir maceração em zonas húmidas do corpo (da pele susceptível por incontinência ou em zonas "peri" estomas);
  • Proteger a pele de lesões provocadas pelo destacamento do adesivo de penso;
  • Protecção da pele relativamente a agentes irritantes (como por exemplo a fralda, evitando o eritema por contacto);
  • Tratamento de macerações já existentes.

 

Precauções relativamente ao seu uso:

  • O seu emprego concomitante com outros cremes poderá interferir na sua eficácia;
  • A pele deverá estar bem seca antes de ser aplicado;
  • A presença de cavilon em locais onde se encontram eléctrodos poderá interferir na captação de impulsos;
  • Não deve ser usado em locais onde existe infecção da pele (p. ex. infecção fúngica).

 

E ponto final. O próprio laboratório não contempla outro tipo de indicações para este produto.  Já estudos independentes poderiam explorar outras potencialidades não conhecidas pelo próprio fabricante. Sendo assim, vamos procurar estudos que possam sustentar o benefício do emprego do cavilon em situações não assumidas pelo laboratório que o produz.

 

Aqui encontramos um artigo um pouco antigo, em que se comprovou (numa pequena amostra e desconhecendo o método de estudo) que o cavilon pode ser benéfico para o tratamento dos bordos macerados de uma úlcera, provocado pelo exsudado. Nada de novo, o próprio laboratório já o afirmara.

Neste link é possível analisar um folheto que comprova a eficácia do cavilon para a prevenção de lesões cutâneas, inclusive apresenta um pequeno excerto (texto criado pelo próprio laboratório) que cita:

 

How Can 3M™ Cavilon™ No Sting Barrier Film Help Prevent Skin Damage?

Applying Cavilon No Sting Barrier Film to intact skin can help prevent skin damage from friction and moisture and may help to improve clinical and quality outcomes.
Moisture and friction are accepted risk factors for pressure ulcer development and are part of the Braden Scale for Predicting Pressure Ulcer Risk©. Use of a barrier film for protection of at risk skin is recommended in widely-recognized pressure ulcer preventionguidelines.* Preventing skin damage may reduce the chance of incorrect identification as a pressure ulcer, which could be costly to your facility.

 

Tristemente, para sabermos em que guideline se basearam para assentarem este pressuposto, é necessário entrar em contacto com o gabinete da empresa 3M (*References upon request). O que é certo, é que o restante folheto não acrescenta mais nada daquilo que já conhecemos, o discurso é vago, para além de não mostrar resultados de estudos que demonstrem que de facto o produto é explicitamente eficaz na prevenção de úlceras de pressão.

 

Mas não ficamos por aqui, vamos pesquisar em repositórios artigos que suportem a nossa hipótese:

 

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16618326 A liquid film-forming acrylate for peri-wound protection: a systematic review and meta-analysis (3M Cavilon no-sting barrier film)

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15909441 - Comparison of two peri-wound skin protectants in venous leg ulcers: a randomised controlled trial.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15517755 - Comparing cost per use of 3M Cavilon No Sting Barrier Film with zinc oxide oil in incontinent patients.

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14648962 - The protective effects of a new preparation on wound edges.

 

 

Toda a informação pesquisada sobre o produto (maior parte dela suportada pelo próprio laboratório) é essencialmente orientada para a promoção do próprio produto, uma vez que nas conclusões apresentadas há um clara relação custo/benefício em prol do uso do cavilon. Outro apostam em vincar as propriedades únicas que possui para tratar lesões por humidade. Contudo não encontrei nenhum que directamente e explicitamente suportasse a nossa hipótese.

 

 

Curiosamente nos fóruns de Enfermagem, apenas nas comunidades Portuguesas é que se verifica esta associação entre o cavilon e a prevenção de úlceras de pressão - terá a ver com factores culturais?

Num momento em que o controlo de gastos é escrupuloso, em que o lema é "gastar, mas bem", como seremos capazes de fundamentar o desperdício de 18,50€ por um creme que é utilizado para um propósito que não está assente em pressupostos científicos mas sim apenas em juízos empíricos?

 

 

 


http://solutions.3m.co.uk/wps/portal/3M/en_GB/Cavilon/skin-care/products/no-sting-barrier-film/

 

http://www.3m.com/intl/br/produtos/655_21.html

http://www.forumenfermagem.org/forum/index.php?topic=2048.0

http://www.prosavos.com/loja/product_info.php?cPath=45_100&nome=Cavilon%20Creme%20Barreira%20Hidratante&products_id=940

http://solutions.3m.co.uk/pv_obj_cache/pv_obj_id_FA4C480B14C0CBAD81B9C5092645DA4DBC890100

http://solutions.3mindia.co.in/3MContentRetrievalAPI/BlobServlet?locale=en_IN&lmd=1254742500000&assetId=1180619210972&assetType=MMM_Image&blobAttribute=ImageFile

http://www.medishop.be/medishop/images/cavilon.jpg

http://www.allaboutyou.com/?module=images&func=display&fileId=62660


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