O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
comentar
publicado por Visao ENFernal, em 26.10.07 às 22:06link do post | favorito
O risco de infecção associado aos CVC´s está muito dependente da correcta desinfecção do local da punção. A técnica é já sobejamente conhecida e o desinfectante a usar continua a ser um assunto de polémica acesa. Nos Estados Unidos são efectuados anualmente vários estudos, em Unidades de Cuidados Intensivos, que correlacionam o emprego de x soluto e o risco de desenvolvimento de infecção no CVC.


O emprego da iodopovidona alcoolizada  em detrimento da iodopovidona simples em solução mostrou eficácia acrescida comprovada. Nos estudos demonstram que o uso de soluções à base de Clorexidina podem reduzir as taxas de infecção em 50%:


http://www.medscape.com/viewarticle/564782

October 25, 2007 — Chlorhexidine-based solutions should be considered as a replacement for povidone-iodine formulations, including those that are alcohol based, in efforts to prevent central venous catheter–related infection, according to the results of a study reported in the October 22 issue of the Archives of Internal Medicine.
[...]
Culture results were evaluable in 481 (89.4%) of catheters studied. Compared with use of povidone-iodine, the chlorhexidine-based solution was associated with a 50% reduction in the incidence of catheter colonization (11.6% vs 22.2%; P =.002; incidence density, 9.7 vs 18.3 per 1000 catheter-days). There was also a statistically nonsignificant trend toward lower rates of catheter-related bloodstream infection (1.7% vs 4.2%; P =. 09; incidence density, 1.4 vs 3.4 per 1000 catheter-days).
[...]
"Our results demonstrate that the use of a chlorhexidine-based solution rather than povidone-iodine is likely to result in decreased catheter colonization," the study authors conclude. "Given the extent of the benefit and the absence of incremental cost, chlorhexidine-based solutions should be considered as a replacement for povidone-iodine (including alcohol-based formulations) in efforts to prevent catheter-related infection."


Não há bela sem senão, dado que o aumento da eficácia acompanha o maior risco de desenvolver reacções adversas imediatas com o emprego da clorexidina, havendo casos de anafilaxia descritos na literatura (muito raros).

Uma vista de olhos pelo CDC, constatei com alguma estupefacção, que é quase do "senso comum" a eficácia da clorexidina comparativamente à iodopovidona, e várias são as publicações nessa matéria. Irão as nossas comissões de infecção basear-se nestes resultados e actualizar os procedimentos normativos, ou teremos que continuar a esperar por mais estudos?


Doutor Enfermeiro a 27 de Outubro de 2007 às 02:51
Outro excelente tópico.
É que temos de ponderar o seguinte: além de necessitarmos de usar o bom desinfectante, é necessário ter atenção as (in)compatibilidades químicas dos mesmos. Um exemplo sobejamente conhecido são os pluriuretanos, que são incompatíveis com a ... clorexidina, por exemplo.
Um bom tema para profundar conhecimentos.

Visao ENFernal a 27 de Outubro de 2007 às 11:31
Desconhecia por completo essa incompatibilidade, e aplica-se inclusive ao cateteres em Teflon?

Ao tentar aprofundar esse aspecto encontrei informações importantes, nomeadamente a possibilidade do gluconato de clorexidina provocar erupções cutâneas e queimadura química no local de aplicação.
Mais, a clorexidina e o PVP-i são quimicamente incompativeis, pelo que o seu uso deve ser evitado.
No Brasil usam sprays á base de clorexidina para desinfecção de feridas cutâneas, conduta esta que discordo completamente.

Em pediatria já se começa a pensar em usar estas soluções á base de clorexidina para inserção de CVPeriféricos, pelo facto de serem uma população de risco. Agora questiono... o mesmo princípio não deveria ser aplicado, por exemplo, aos doentes imunossuprimidos?

Por favor, quem tiver mais informações ou experiência no uso destes produtos colabore neste post.

Obrigado

Doutor Enfermeiro a 27 de Outubro de 2007 às 18:02
Na eventualidade de necessitar de uma lista exaustiva das incompatibilidades dos materiais dos CVC's com soluções desinfectantes (e não só!), poderá ser requerida aos fabricantes dos respectivos catéteres. Esses, poderão fornecer essa informação de uma forma mais completa e rigorosa.

Dirceu Carrara a 19 de Setembro de 2008 às 12:01
Prezados
O uso da clorexidina na forma sprays no Brasil, é na verdade uma prática executada pela população leiga, nós enfermeiros brasileiros também condemos esta prática e lutamos para que os orgãos governamentais retire do mercado esses produtos.
Um abraço
Enfemeiro Dirceu

TERESA AMORES a 23 de Julho de 2008 às 15:50
A clorohexidina solução alcoólica a 2% é realmente a mais eficaz só que o problema é que no mercado português tal produto não existia. No HSMaria por ex a CCI há alguns anos andava a tentar que houvesse uma firma que importasse ou fabricasse o produto para o nosso país. Só em 2007 conseguimos que uma firma se dispuzesse a fazê-lo e após certificação pelo Infarmed já foi adquirido e começou a ser usado. Apesar disso ainda não temos a apresentação corada o que não é do agrado de muitos utilizadores, mas a firma está a tentar modificar a situação.

Outro enfermeiro a 30 de Outubro de 2008 às 17:46

Poderias informar, qual o nome da firma que fornece a clorohexidina a 2%. Solução aquosa?, solução alcoólica?
obrigado

teresa amores a 31 de Outubro de 2008 às 19:14
A firma que neste momento comercializa a clorohexidina solução alcoólica a 2% com apresentação não corada, frascos pulverizadores de 250 ml, é a Vigon. Também já têm a apresentação corada em embalagens pulverizadoras de 15 ml (unidoses).
Até sempre

mais sobre mim
Outubro 2007
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
12

14
16
17
18
19
20

21
22
24
27

29
30


links
pesquisar
 
blogs SAPO