Com muito prazer coloco no blogue mais um post do Enfº. Nuno Abreu, com uma reflexão muito interessante sobre a essência da Enfermagem.
Porque é que nós Enfermeiros Portugueses conhecemos pouco da história portuguesa da nossa profissão. Sabemos muito da evolução de enfermagem desde Florence Nightingale, porque claro, marca o início da enfermagem moderna, mas da nossa história pouco sabemos. Será que enfermagem em Portugal só começou quando as ideias dessa Sra começaram a ser utilizadas em Portugal?
119 anos antes de “Notes on Nursing” , Frei Diogo de Santiago produz a Postilha Religiosa. No seu segundo tratado “Arte de Enfermeros” . São cinquenta e nove capítulos sobre como assistir enfermos e advertências sobre a aplicação de medicamentos, um verdadeiro manual de boas práticas. Cito alguns excertos, com conceitos bastantes actuais.
"Os remedios, que applicares aos enfermos, sejaõ só pela vossa maõ, e a tempo; que as medicinas dilatadas se privaõ do nome de remédio, disse Quintilliano. Nunca deis remedio bebido sem primeiro ser mechido, e agoa ao enfermo para lavar a boca, por evitar o perjuizo de o lançar fóra. Tende muito, e muito particular cuidado nos numeros, que trazem os medicamentos, para que naõ haja equivocaçaõ na applicaçaõ delles; e naõ só nos numeros tereis esta vigilancia, mas também na cor, cheiro, e qualidades delles; porque nas boticas sucede muitas vezes porem-se os numeros errados, como eu tenho varias vezes experimentado, e outros muitos Enfermeiros, o que se tem remediado com a experiência dos remédios.“
In: Fr. Diogo de Sant-Iago, Postilla religiosa e arte de enfermeiros. 1741, §
109. Edição Fac-símile. Lisboa, Edição Alcalá, 2005, p.76
A preocupação como o erro clínico já era evidente. Não é a regra dos cinco certos, mas quase…
"Todos os dias de manhã, e tarde fareis visita particular aos enfermos, principalmente aos que tiveres de mayor cuidado, para dares ao Medico informaçaõ do que lhe fizestes, e como tem passado; porque alguns enfermos naõ sabem dar a indicaçaõ necessaria; e o Medico, quando os enfermos saõ muitos, naõ se póde lembrar do que a todos tem mandado fazer: o que vós remediais com muita facilidade, assim pela informaçaõ, que delles tendes adquirido, como pela lembrança, que na taboa da visita tendes formado, sem a qual naõ visiteis nunca com o Medico, ainda que os enfermos sejaõ poucos, que naõ he razaõ que a vossa memoria seja fiadora da vida, ou saude do enfermo"
IN: Fr. Diogo de Sant-Iago, Postilla religiosa e arte de enfermeiros. 1741, §
108 Edição Fac-símile. Lisboa, Edição Alcalá, 2005, p.75
A importância do registo de enfermagem……ou dos sistemas de informação.
Este tratado é um contributo importante na nossa história, e deve-nos lembrar o longo caminho que percorremos como profissão (de apenas executantes a profissionais que conceptualizam cuidados de acordo com os diagnósticos que formulam) . Sei que é cada vez mais difícil ser enfermeiro…..mas sempre foi….é inerente à profissão. Agora deixo uma questão no ar.
Preferem pertencer a uma profissão que já não têm mais nada a conquistar, ou pertencer a outra que está a evoluir, em que vocês podem deixar o vosso contributo e serem mais um marco na história. Eu já sei…..e Vocês?
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