O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 13.12.08 às 00:05link do post | favorito

 

 

Parece irónico, mas um estudo publicado no “Circulation” mostra que uma vítima de ataque cardíaco em gasping tem maior probabilidade de sobrevivência do que aquelas que não entram em respiração agónica.

Gasping é uma última medida que o corpo adopta para se salvar e, a nível do pré-hospitalar, assume-se levianamente pelos leigos que respiração agónica é sinal de recuperação orgânica e, consequentemente, as manobras de RCP são cessadas. Por se confundir frequentemente respiração agónica com respiração eficaz, os leigos que prestam auxílio também informam telefonicamente a equipa de urgência de que a vítima se encontra a respirar, quando na verdade se apresenta em gasping.

Estima-se, pelo estudo efectuado, de que se às vítimas em gasping lhes fosse aplicado SBV, a taxa de sobrevivência era 5 vezes superior. Por este motivo, a respiração anormal deverá ser encarada como motivo imediato de actuação com compressões torácicas, até chegada da equipa de emergência.

 

Retirado do Jornal Circulation

 

«The study in the current issue of Circulation by Bobrow et al1 is important for a multitude of reasons. This study revolves around the concept of "gasping" as it relates to cardiac arrest. The study questions both the incidence of gasping and its impact on and relationship to survival in patients who suffer out-of-hospital cardiac arrest (OHCA). The authors demonstrate that gasping after cardiac arrest is common, that it is most frequent soon after cardiac arrest, and that its frequency decreases over time. Additionally, the presence of gasping is associated with an increased survival to discharge from the hospital. It is interesting to note that the survival rate was not necessarily related to the institution of bystander cardiopulmonary resuscitation (CPR) because the same percentage of "gaspers" and "nongaspers" received bystander CPR.

Yet among the gaspers, the authors found a 39% survival rate versus only a 9% survival rate in the nongaspers. Although the true incidence of gasping after cardiac arrest is unclear, more perplexing is the question, what is the cause of the ostensible protective benefit of gasping? Equally important, as the authors point out, is that first responders and medical professionals recognize gasping as a symptom of cardiac arrest and institute CPR immediately rather than confuse it with normal breathing and thereby delay CPR.»

Os resultados estão disponiveis neste link de forma esquematizada (retirado do TheHeart.org) - Odds Ratio (OD)

 


http://circ.ahajournals.org/cgi/content/extract/118/24/2495

http://www.theheart.org/article/924633.do

http://www.medscape.com/viewarticle/584370?src=mp&spon=13&uac=112990FZ

http://www.canada.com/topics/bodyandhealth/story.html?id=5c3cc169-a0bb-4bbd-94da-3dd7b2b4f9d6

http://www.webmd.com/heart-disease/news/20081124/gasping-cardiact-patients-need-cpr

https://farm4.static.flickr.com/2291/2036726793_5237bd0c2a.jpg

http://www.medgadget.com/archives/img/4634acu2.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 09.12.08 às 09:28link do post | favorito

 

Tal como prometido, o Visão ENFernal passa a contar com novos colaboradores. O Enfª Nuno Abreu "corta a fita" neste blogue com um artigo, no mínimo, hilariante. Obrigado Nuno pela tua participação, e ficamos a aguardar por mais reflexões de tua parte.

 

 

Utilizando a expressão do saudoso Fernando Pessa, trago-vos a história peculiar de Óscar. Mas antes disso uma breve introdução sobre o que eu penso acerca da aquisição de conhecimento em enfermagem.

Os conhecimentos empregues na prática do cuidar devem-se basear na evidência científica, mas não podemos descurar que em algumas situações, existem fenómenos com que o enfermeiro se depara que a ciência não consegue explicar. O que fazer nestas situações? Segundo RNurses Association of British Columbia, as enfermeiras devem ser capazes de identificar e utilizar a melhor evidência no seu exercício profissional. Quando falte  evidência ou esta seja débil, as  enfermeiras  devem ser capazes de gerar o conhecimento  necessário para suprir esta falta. Para gerar este tipo de conhecimento, devemos ser capazes de utilizar a nossa intuição ( capacidade de reconhecer padrões)e a lógica racional.

 

Num mundo ávido de inovações tecnológicas e conhecimento baseado na evidência científica, trago-vos um artigo do prestigiado New English Jornal of Medicine, onde o inexplicável foi integrado no cuidar. O artigo relata a característica singular de Óscar, um gato que habita uma “Nursing Home“ especializada em doentes com demência. Este gato revelou um padrão comportamental no mínimo peculiar, salta para cima da cama dos doentes e deita-se junto a eles “ronrando” e “miando” até ao momento da morte do doente. Esta capacidade de prever a morte foi aproveitada pelos enfermeiros, que a utilizam para determinar o momento em que devem contactar os familiares e promover uma morte mais digna aos seus doentes. Óscar já foi capaz de prever a morte de 25 doentes e é visto como um fiável indicador de morte iminente.

 

A abordagem que os enfermeiros efectuaram foi extraordinária, ao demonstrarem a capacidade de utilizar um fenómeno que a evidência não explica na sua totalidade, e utilizando-o para melhor cuidar. Aqui, para prever a morte, não usam os monitores impessoais e barulhentos, que muitas vezes só estão ligados para conveniência do enfermeiro (….” Assim quando morrer o monitor avisa-me”…”os familiares ficam mais descansados”….” Está prescrito, têm de ficar”…), mas apenas um gato, que não só tem um dom como gosta de o usar…….quem não gostava de ter um gato/enfermeiros destes…..

 


http://content.nejm.org/cgi/reprint/357/4/328.pdf

 

http://poundit.files.wordpress.com/2007/07/oscar_cat.jpg?w=460&h=300

http://dericbownds.net/uploaded_images/Oscar.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 04.12.08 às 17:20link do post | favorito

 

 

Um estudo efectuado demonstra que a modalidade de diálise nocturna melhora não só a qualidade de vida dos doentes, como também diminui a taxa de mortalidade associada. As típicas 3 sessões semanais de 4 horas já sobejamente conhecidas passam a ser efectuadas no período nocturno, 3 vezes por semana durante 8 horas, permanecendo no centro de diálise a dormir. Este facto facilita não só a vida social do doente, permitindo-lhe em muitos casos, regressar ao trabalho e adquirir desempenho profissional aceitável. Em termos de mortalidade associada, verificou-se um decréscimo de 78% numa amostra de 224 pacientes, para além de outras melhorias como indica o estudo:

Retirado do HealthDay:

 

By Alan Mozes
HealthDay Reporter

 

«FRIDAY, Nov. 7 (HealthDay News) -- Dialysis for eight hours a night, three times a week, reduced the risk of death for kidney patients by nearly 80 percent, compared to conventional, four-hour dialysis three times a week, a new study found.

 

This type of improvement is important and necessary, the study's lead author said. "Unfortunately, the mortality rate of patients treated by conventional four hours, three times weekly hemodialysis remains unacceptably high, despite several improvements in dialysis technology and general medical care," said Dr. Ercan Ok, who's with the department of nephrology at Ege University, in Izmir, Turkey.

 

"As an alternative, more frequent and/or longer hemodialysis regimens seem promising," added Ok, who presented the findings Nov. 7 at the American Society of Nephrology's annual meeting, in Philadelphia.

 

Dialysis, sometimes called hemodialysis, can be performed as either an inpatient or outpatient procedure, although it's usually administered at a medical facility of some kind. The treatment, which extracts waste products from the blood, such as potassium and urea, is the most common means of fluid removal intervention for kidney-failure patients.

 

Most patients who undergo dialysis do so on a thrice weekly schedule for between three to five hours per treatment, according to the U.S. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases.

 

For the new study, Ok and his colleagues tracked 224 Turkish dialysis patients -- average age, 45 -- who were switched from conventional dialysis to a routine of three nights a week, eight hours per session at a dialysis center. The researchers noted that the patients generally experienced a month-long "adaptation period," after which they were able to sleep during their treatments.

 

After one year, the researchers compared the overnight group with a similar pool of patients who maintained the typical regimen of four hours of treatment, three days a week.

 

The overnight patients experienced a 78 percent drop in mortality compared with standard patients. Also, overnight patients experienced marked improvements in blood pressure control, which translated into a two-thirds drop in the use of blood pressure medications.

 

And, levels of the mineral phosphate declined toward normal levels among the overnight dialysis patients, which led to a 72 percent decline in the use of drugs to lower phosphate absorption.

 

The overnight patients also reported increased appetite, desirable weight gain, and a boost in blood protein levels.

 

What's more, many of the overnight patients returned to work, reported improved job performance and had better mental functioning.

 

"We expect that these data would be convincing to the whole society -- including physicians, patients, health authorities, and social security institutions -- for the necessity of longer hemodialysis in order to improve high mortality and morbidity," Ok said.»

É importante referir que este trabalho pode não se encontrar validado, uma vez que a amostra de doentes para estudo não foi aleatória. Contudo apresenta resultados significantes:

«But the problem here is that in this study, the patients were self-selected," Provenzano added. "So it's not a randomized, controlled study. Which might mean that the findings may be almost too good to believe. Since in developing countries, such as Turkey, China, India, patients who receive this kind of procedure, which all-comers receive in the U.S., tend to be wealthier and healthier. And we don't know how that fact would impact on these results. So what we need now is more randomized research.»

 


http://www.healthday.com/Article.asp?AID=621183

http://www.ihe-online.com/index.php?id=2565&tx_ttnews[tt_news]=312&cHash=65536

http://www.clinicanephron.com.br/capilar.jpg

http://www.fresenius-medical-care.pt/images/produtos/hc_concentrados_hemodialise_pht_content.jpg

http://www.tor.cn/image/0,,710353_1,00.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 02.12.08 às 21:51link do post | favorito

 

 

Como verdadeiro fanático por curiosidades, não podia deixar de colocar aqui no blogue um artigo publicado na Notícias Magazine #861 de 23 de Novembro . De uma forma muito apelativa, o neurologista Eduard Estivill fala dos progressos no conhecimento do sono e das respectivas perturbações, desmistificando certas ideias que tomamos como verdades absolutas.

Vale a pena ler (clicar nas imagens para ampliar)

 

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https://farm4.static.flickr.com/2135/2090992288_33f49f562a.jpg

 


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