O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 27.07.08 às 19:33link do post | favorito

 

 

"A sabedoria é saber o que se deve fazer; a virtude é fazê-lo."

 

(David Starr Jordan)

 

Somos enfermeiros, a generosidade do nosso papel torna-se tão maior quanto a imaginação nos permitir, quanto a motivação nos guiar. Há histórias de sucesso que, por menos valor que seja dado ao acto em questão, garantem uma visibilidade extraordinária do papel do enfermeiro, potenciando ganhos em saúde inagualáveis.

 

 

Eis a história de sucesso:

Informar o doente sobre tratamentos, preparação pré-operatória e complicações de intervenções cirúrgicas é trabalho genuíno de enfermagem, contudo por vezes é dado demasiado enfoque no acto cirúrgico em si, negligenciando a parte pedagógica assente no pré-operatório. No Prince Williams Hospital, no Manassas, existia uma taxa de infecção pós-operatória incomportável após intervenções executadas a nível do tórax, traduzindo-se em dispêndio financeiro acrescido e com consequências preocupantes na saúde dos doentes submetidos a cirurgia.

O CDC recomenda um banho com antiséptico pelo menos na noite anterior à cirurgia, advertência essa que não foi suficiente para encher as medidas dos olhos dos enfermeiros do hospital. Optou-se assim por criar um protocolo de preparação alternativo ao tradicional, com a preparação do local de cirurgia através de toalhitas de Gluconato de Clorexidina a 2%. O doente era instruído a preparar-se para a cirurgia, aplicando a solução de Clorexidina unicamente, não podendo posteriormente utilizar outro tipo de soluções no corpo e sem necessidade de efectuar tricotomia.

As soluções à base de álcool são eficazes na desinfecção do local de intervenção, contudo podem irritar a pele. Já as soluções à base de iodopovidona têm um período de actuação muito curto e são inactivadas em contacto com o sangue. A clorexidina tem um espectro de actuação alastrado, sendo eficaz contra o MRSA e Acinetobacter baumanii, e quanto ao produto em questão (do laboratório SAGE®), pode ter acção contra estes organismos num período máximo de 6 horas.

Os resultados foram os seguintes:

 

(Clicar para aumentar)

 

Nota-se uma redução marcante nas infecções pós-operatórias, fruto do trabalho de um grupo de enfermeiros. Traduziram um gesto tão simples em ganhos absolutos em saúde, para além da redução da despesa da instituição com tratamentos desnecessários.

Relativamente ao produto em questão, recomendo a visita aos sites seguintes para mais informações:

Tão grandioso como uma intervenção cirúrgica é garantir uma preparação prévia para que ocorra com a máxima segurança possível. Fechar os olhos a este facto é condenar ao acto cirúrgico ao fracasso.

 


 

http://www.nursezone.com/Nursing-News-Events/devices-and-technology.aspx?ID=18000&Tab=1

http://www.infectioncontroltoday.com/articles/reducing-surgical-infections.html

http://www.infectioncontroltoday.com/articles/i831a4.gif


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publicado por Visao ENFernal, em 17.07.08 às 02:33link do post | favorito

 

Um dos efeitos mais prevalentes na terapia com opióides é a obstipação, sendo mandatória a instituição de uma associação com laxantes. Contudo, a aplicação de laxantes podem não induzir o efeito desejado, pelo que nasceu um medicamento capaz de actuar perante tal situação. A Metilnaltrexona (com nome comercial Relistor) é um antagonista do receptor opióide mu, que impede o relaxamento da musculatura do intestino sem interferir com o efeito do analgésico opióide administrado.

Apresenta-se sob a forma de injecções subcutâneas, sendo a posologia comum uma injecção diária.

O enfermeiro deverá informar os prestadores de cuidados para se encontrarem em alerta para as situações mais frequentes, nomeadamente a diarreia, dor abdominal, vómito e náusea. Em caso de diarreia, o doente deverá suspender a toma do medicamento. O enfermeiro deve ainda ensinar e treinar os PC para o procedimento correcto para administração da injecção, com a respectiva rotação do local de administração.

 

 


http://www.wyeth.com/hcp/relistor/landing

http://include.nurse.com/apps/pbcs.dll/article?AID=/20080616/ALL03/80610005/-1/section

http://www.tuasaude.com/metilnaltrexona-relistor/

http://www.prescribingreference.com/images/Newsline/relistor.gif

 


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publicado por Visao ENFernal, em 15.07.08 às 16:08link do post | favorito

 

A necessidade de se criar uma via aérea permeável de forma rápida deu azo à criação de instrumentos mais adaptados, como é o caso da máscara laríngea. Este conceito permitiu evoluir na abordagem da via aérea, sendo amplamente aceite como uma das “medidas-core” para permeabilização da via aérea, para além de ser vista como um procedimento passível de ser executado por profissionais de enfermagem, contrariamente ao que se verifica, - inexplicavelmente - a nível da EET ou inserção do combitube. Apesar das suas limitações, dentro dos quais se salienta a ineficácia com a aplicação de pressões positivas mais elevadas e na protecção da via aérea em situação de vómito, a indústria apostou na evolução deste instrumento, com vista a eliminar as barreiras da sua implementação, e generalizar a suas aplicação.

 

Método de inserção

 

Intersurgical® apresentou o seu i-gel, um dispositivo muito semelhante à mascara laríngea na forma mas com algumas alterações que o tornam mais desejável. Contrariamente à ML comum, o i-gel substitui o cuff insuflável por uma estrutura à base de um gel moldável e atraumático. O seu formato permite a adaptação à via aérea sem haver possibilidade de fugas e sem provocar compressão das estruturas adjacentes, para além de evitar a oclusão da via aérea provocada pelo relaxamento dos músculos laríngeos. Apresenta um cabo rígido o suficiente para manter a via desobstruída, mesmo em caso de mordedura por parte da vítima. Além disto, apresenta uma via de acesso ao esófago, isolando o contacto com a via aérea.

Aconselho a leitura do guia de utilização, encontra-se bem estruturado e num formato apelativo. Clicar na imagem para aceder ao manual:

 

(Manual do utilizador)

 

PS: após ter preparado este artigo, reparei que o assunto já tinha sido abordado pelo colega do blog enfermeiro-de-anestesia. Contudo mantenho o assunto dada a sua pertinência, apesar de não ser, de todo, recente.

 


http://www.ihe-online.com/en/products/product-news/index.html?tx_ttproducts_pi1[product]=8448

http://www.ihe-online.com/typo3temp/pics/44fea17fdc.jpg

http://www.exhausmed.com/Nouveautes/i-gel/igel.gif

http://www.youtube.com/watch?v=S9Lo4BXcQK0

 


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publicado por Visao ENFernal, em 14.07.08 às 17:14link do post | favorito

 

 

O risco-benefício no tratamento de neoplasias e metástases adjacentes é um critério amplamente considerável. Os quimioterápicos induzem alterações sistémicas preocupantes, debilitando o organismo já comprometido.

Tanto o tumor principal como as respectivas metástases necessitam de uma angiogénese favorável ao crescimento da massa e, no caso das células tumorais, é possível localizar nos seus vasos sanguíneos, um receptor denominado avß3.

 

Num estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, um grupo de cientistas desenvolveu uma nanopartícula direccionada aos receptores avß3, acoplados a um quimioterápico em doses extremamente baixas. Esta associação permitiu a terapêutica direccionada e localizada de metástases, com emprego de doses extremamente baixas e com resultados satisfatórios – nos ratos, em 11 dias verificaram menos 82% nos nódulos linfáticos proximais e verificaram também que o tumor primário diminuiu de tamanho. Para atingir resultados semelhantes, utilizando a via sistémica, os cientistas necessitaram de utilizar concentrações de doxirrubicina 15 vezes superiores, com os efeitos indesejáveis conhecidos.

 

Atingimos um patamar em que, com recurso à nanotecnologia, é possível desenvolver novas técnicas de administração de drogas com benefícios inagualáveis.

 

 

in 

Nanoparticle-mediated drug delivery to tumor vasculature suppresses metastasis

 

 

Integrin ανβ3 is found on a subset of tumor blood vessels where it is associated with angiogenesis and malignant tumor growth. We designed an ανβ3-targeted nanoparticle (NP) encapsulating the cytotoxic drug doxorubicin (Dox) for targeted drug delivery to the ανβ3-expressing tumor vasculature. We observed real-time targeting of this NP to tumor vessels and noted selective apoptosis in regions of the ανβ3-expressing tumor vasculature. In clinically relevant pancreatic and renal cell orthotopic models of spontaneous metastasis, targeted delivery of Dox produced an antimetastatic effect. In fact, ανβ3-mediated delivery of this drug to the tumor vasculature resulted in a 15-fold increase in antimetastatic activity without producing drug-associated weight loss as observed with systemic administration of the free drug. These findings reveal that NP-based delivery of cytotoxic drugs to the ανβ3-positive tumor vasculature represents an approach for treating metastatic disease.

 

 


http://www.pnas.org/content/105/27/9343

http://sciencenow.sciencemag.org/cgi/content/full/2008/708/1

http://fundacionannavazquez.files.wordpress.com/2007/07/quimioterapia.jpg

http://www.obesidadegrave.com/images/obesidade-grave-cancro.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 12.07.08 às 18:40link do post | favorito

 

 

A endoscopia, seja pela via alta ou baixa, revolucionou categoricamente o diagnóstico e terapêutica de anomalias do tracto digestivo, sendo um dos exames complementares mais comuns no seio da gastroenterologia. O leque de aplicações pode, contudo, ser sobreponível ao número de desvantagens associadas, sendo do conhecimento geral que a sua aplicação pode incumbir lesões graves, para além de não poder permitir a visualização na íntegra do tubo digestivo nem nas condições mais favoráveis. Uma das grandes desvantagens era a difícil progressão do endoscópio até zonas mais distais e sinuosas, como é o caso do intestino delgado, estando este tipo de estruturas acessíveis unicamente e na sua plenitude ,através da cápsula endoscópica.

Em 2001, Hironori Yamamoto idealizou uma técnica que facilitasse a progressão do endoscópio a locais que a clássica técnica de push-endoscopy não era capaz, através de um dispositivo denominado “endoscópio de duplo balão”. Yamamoto pensou que o grande problema do endoscópio comum seria a sua inflexibilidade que, por aplicação de forças externas, não seria suficiente para contornar a estrutura sinuosa do tracto digestivo.

 

Manobras na progressão do endoscópio (clicar na imagem para aumentar)

 

Assim criou um dispositivo constituído por um endoscópio clássico provido de um “overtube” (uma espécie de mandril), pelo qual o endoscópio é capaz de avançar de forma progressiva pelo tubo digestivo com menor dificuldade, diminuindo o atrito com a mucosa. Além disto, tanto o endoscópio como o overtube estão munidos de um balão que garante a sua fixação à parede do tracto digestivo, daí o nome de “duplo-balão”. A insuflação de ambos os balões é feita de forma rigorosa através de um aparelho que enche e monitoriza a sua pressão na ordem dos 45 mmHg, suficiente para manter o endoscópio e o overtube fixos, mas sem lesar estruturas (uma vez que a fixação é controlada por pressão e não por volume, é possível a sua fixação em estruturas de diâmetro variável). Assim, a fixação progressiva do endoscópio ao trajecto, permite ao operador do dispositivo manipular externamente o overtube flexível e maleável, por forma a ultrapassar estruturas difíceis sem as lesar, garantindo uma visualização adequada.

Com este método é possível, em média, atingir 250 cm em profundidade pela via anterógrada e cerca de 130 cm pela via retrógrada.

Vantagens deste método:

  • A endoscopia poderá ser realizada tanto pela via anterógrada como retrógrada;
  • Está relatada a possibilidade de visualização do tubo digestivo na ordem dos 86%, apresentando-se acima da cápsula endoscópica que ronda os 79%;
  • Diagnóstico de sangramento intestinal na ordem dos 76% (cápsula endoscopia varia entre os 30-80%);
  • Permite biopsar estruturas, realizar hemostase endoscópica, dilatações com balão e colocação de próteses.
  • Indicado nas situações de suspeita de estenose do intestino (contra-indicação do emprego da cápsula endoscópica) e anastomoses intestinais;
  • Facilita a realização de exames radiológicos com contraste, dado que os balões impedem o refluxo do produto de contraste, garantindo uma imagem mais detalhada;

Por estes motivos e, paradoxalmente ao que se pensaria, a EDB encontra-se reconhecida como “método de eleição” para a visualização do intestino delgado, quando comparado com a cápsula endoscópica, e o seu emprego alastra-se rapidamente. 

 

 PS: em resposta a e-mails de frequentadores deste blog, queria acrescentar que o Visão ENFernal não terminou, sendo política deste espaço a colocação de artigos de conveniência da classe de Enfermagem, estando colocada de parte a opção de postagem de artigos de menor importância como justificação para a manutenção do espaço updated. A todos, o Visão ENFernal agradece as palavras de apreço e cá continuará a revelar notícias da área da saúde (com maior, ou menor frequência).

 

http://www.ihe-online.com/en/feature-articles/double-balloon-endoscopy-comes-of-age/index.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Hironori_Yamamoto

http://www.socgastro.org.br/site/scripts/revistas/jbg02/jbg206enterodb.pdf

http://www.fujinonendoscopy.com/assets/fujinon/llead_adenoma.jpg

http://www.fujinon.de/uploads/pics/CART_DBE_frei_01.jpg

http://www.fujinonendoscopy.com/assets/fujinon/double_balloon_right.jpg


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