O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 26.05.08 às 12:10link do post | favorito

... um segredo revelado.

 

 

Desde há varios anos que se sabia que compostos à base de alumínio, como é o caso do hidróxido de alumínio, potenciava o efeito das vacinas nas células imunitárias do corpo humano. Apesar do efeito nefasto no local de injecção, uma vez que o alumínio provoca danos a nível das células musculares, o seu uso não passou a descontinuado, apesar de permanecer a dúvida de como essa interacção benéfica com o organismo se processava.

 

Mas investigadores dos Estados Unidos souberam descortinar essa questão:

 

 

«Last year, HogenEsch's team and a group led by Fabio Re at the University of Tennessee Health Science Center in Memphis showed that in macrophages--white blood cells that gobble up pathogens and cellular detritus--alum triggers the production of interleukin 1β and interleukin 18, two key signaling molecules, or cytokines, known to stimulate the production of antibodies. Researchers knew that this duo is often released after the activation of so-called NOD-like receptors. "So then the race was on," says Re, to pinpoint which NOD-like receptor was involved.

That race was won by a team led by Richard Flavell of Yale University. In this week's issue of Nature, Flavell's group reports that aluminum adjuvants trigger a NOD-like receptor called the Nalp3 inflammasome--an intracellular protein structure that plays a key role in immune activation.»

 

Segundo o próprio artigo, foi um grande passo para daqui em diante pensar no aperfeiçoamento das vacinas de que dispomos.

 


http://sciencenow.sciencemag.org/cgi/content/full/2008/521/4

http://www.drexel.edu/cchc/studentlife/web_images/Image/vaccine.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 24.05.08 às 17:03link do post | favorito

 

A terapia intravenosa é peremptória na maioria dos doentes institucionalizados e assume particular interesse para a classe de enfermagem, dado ser responsável pela sua escolha, manutenção e vigilância para prevenção das possíveis complicações associadas. Existe uma lista extensa de problemas associados à infusão venosa periférica, sendo as mais comuns o aparecimento de flebite, o rompimento de vasos, o extravasamento e a infiltração. Neste post, o Visão ENFernal pretende discutir os dois últimos, ficando o tema da flebite para abordar posteriormente.

 

São facilmente confundíveis e vulgarmente utilizados na gíria clínica como situações semelhantes, contudo tratam-se de conceitos bastante diferentes. Ambos referem a situações em que a solução não está a ser infundida para o espaço intravenoso, ocorrendo a sua passagem acidental para os tecidos adjacentes, possibilitando o aparecimento de danos. Se se tratar de uma solução não-vesicante, sem danos associados aos tecidos, chamamos a essa situação uma Infiltração. Embora comum, regra geral não provoca danos sérios ao portador de CVP quando em quantidades mínimas, sendo a solução reabsorvida com o tempo. Grandes infiltrações podem provocar lesões nervosas e síndrome de compartimento.

No caso da solução ser um vesicante, dentro dos quais salientam-se os quimioterápicos (vincristina, vinblastina…), bicarbonato de sódio, dopamina, esmolol e cloreto de potássio, poderá ocorrer lesões que vão desde a dor no local, a formação de vesículas, descamação do tecido e necrose tecidular extensa, o denominado Extravasamento.

O grau de lesão vai depender do agente químico, da sua concentração e quantidade, do local no corpo e do intervalo de tempo entre o reconhecimento do acidente e do momento em que aconteceu efectivamente. Concluindo, o extravasamento trata-se de uma situação bem mais grave do que a infiltração, apesar de ambas requererem especial atenção pelos Enfermeiros.

 

 

Para prevenção da infiltração é fundamental a optimização dos CVP e, segundo artigo publicado pela nurse.com, existe 2 tipos de mitos a serem banidos da prática de enfermagem:

  • 1. Para a infusão de um vesicante não é fundamental um novo acesso periférico. Segundo o mesmo artigo, um novo acesso periférico não garante melhor segurança do que um anterior, desde que correctamente optimizado.
  • 2. O retorno de sangue num CVP não é um critério seguro para confirmação do seu posicionamento, pelo que as guidelines apostam no flush da via com solução salina a 0,9% com pelo menos 20-30ml, observando no local a formação de tumefacção.

A prevenção é o método de eleição aceite pelos autores da bibliografia pesquisada, alertando para a monitorização apertada dos sinais de extravasamento, havendo quem preconize a avaliação das infusões de 15 a 30 em 30 minutos. Em caso de extravasamento, cada laboratório apresenta recomendações para manuseamento do químico em causa, contudo o enfermeiro deverá actuar perante as politicas hospitalares e recorrer aos serviços farmacêuticos para recolher apoio. A actuação varia de acordo com a situação, e poderá ser necessário:

  • Vigiar o local de extravasamento;
  • Aplicar frio ou calor, atendendo ao tipo de medicamento;
  • Aplicar antídotos, como é o caso do "dimetilsulfoxide"  tópico, "dexrazoxane" intravenoso, tiossulfato de sódio ou o "hialuronidase" por via subcutânea;
  • Avaliar o grau de dano tecidular para ponderar cirurgia, em casos que o justifique;
  • Gerir analgesia.

Por estes motivos e por não haver tratamento específico para o extravasamento, a Infusion Nurse Society recomenda que agentes vesicantes deverão ser administrador via CVC. Contudo em situações em que tal não ocorra, o Enfermeiro deverá confirmar com clareza o correcto posicionamento do cateter, dado serem estes os responsáveis directos pelos acidentes causados pelas queimaduras químicas.

Para terminar, cito uma frase retirada do artigo “Avaliando Condutas na Preservação da Infusão Venosa no Doente Hospitalizado” publicado pela Profª. Noeli Marchioro Liston Andrade Ferreira e Enfa. Roseli Perpetua Marassi:

 

 

É competência e responsabilidade do enfermeiro a administração de medicação por via endovenosa, o que lhe confere autonomia profissional e leva à necessidade de obter conhecimento técnico-científico sobre os mecanismos de administração de drogas utilizando esta via; conhecer as vias mais adequadas para obter um bom acesso venoso, adequado às necessidades da terapia prescrita pelo médico; utilizar fixações corretas para que haja uma vida mais longa do acesso venoso; identificar alterações locais decorrentes da infusão venosa e conhecer os efeitos adversos dos extravasamentos para garantir uma administração segura de medicamentos.

 


http://www.nursing.com.br/asp-cfm/congresso/fichas/texto.asp?mcodigo=5

http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2039/pgs/materia%2012-39.html

http://quimioterapia.com.sapo.pt/intervencoes_enfermagem.htm

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692005000300002&script=sci_arttext

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-13082007-102108/

http://include.nurse.com/apps/pbcs.dll/article?AID=/20080407/ONC02/304080015

http://www.ins1.org/i4a/pages/index.cfm?pageid=1

http://www.volstate.edu/HSCenterofEmphasis/images/image2.jpg

http://a248.e.akamai.net/7/248/430/20071102034253/www.merckmedicus.com/ppdocs/us/hcp/content/white/chapters/images/A02997-f18-27.jpg

http://faculty.mercer.edu/summervill_j/IVtherapy/Image33.gif

http://www.aic.cuhk.edu.hk/web8/Dopamine_extravasation_1.jpg

 


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publicado por Visao ENFernal, em 13.05.08 às 18:19link do post | favorito

 

 

Os métodos usados para solucionar problemas associados à incontinência urinária são sobejamente conhecidas, e os resultados obtidos praticamente previsíveis. Contudo sabemos que a incontinência intestinal é potenciadora de graves lesões corporais, e os métodos para controlo deste flagelo são escassos e de eficácia duvidosa, não garantindo qualidade de vida ao lesado. Em situações extremas, o recurso à colostomia é vista como uma hipótese, com todos os prejuízos que acarreta ao doente, mas a indústria do ramo dos dispositivos médicos apresenta soluções para contornar este tipo de problemas. Uma destas são as sondas de incontinência intestinal, apresentada (a título de exemplo) pela Convatec, através do “Flexy-seal”.

 


Antes de progredir neste assunto, é importante esclarecer que o Visão ENFernal não tem qualquer tipo de ligação com o laboratório responsável pelo produto apresentado, sendo este post meramente informativo e sem fins comerciais.

 

 

Este tipo de dispositivo para incontinência intestinal encontra-se indicado para doentes acamados com dejecções líquidas, cujo o objectivo seria prevenir a irritação da pele perianal ou para proteger a integridade de uma ferida nesse local, prevenindo a contaminação e o comprometimento do processo de cicatrização

 

Em termos de funcionamento é muito semelhante a um cateter urinário, sendo o sistema constituído por uma sonda de silicone com um balão numa extremidade e, na extremidade contrária, um saco colector de fezes. A sonda é introduzida na ampola rectal até um limite inscrito na própria sonda sendo, posteriormente, insuflado o balão com 45 ml de água que permite o ajuste da extremidade da sonda a nível do recto.

À semelhança do que acontece com os sistemas de drenagem de urina, o saco deve ser colocado numa zona inferior para permitir a drenagem correcta das fezes. Pode permanecer num período máximo de 29 dias, segundo o fabricante.

 

Após a inserção, poderá ocorrer obstrução do sistema, sendo possível a lavagem do mesmo através de uma via de “flush” própria. Para mais informações relativas ao manuseamento deste dispositivo, que fica ao cuidado da equipa de Enfermagem, pode aceder ao site da convatec neste link.

Por se tratar de um dispositivo com custos financeiros acrescidos, a sua aplicação requer análise cuidada por parte da equipa de Enfermagem.

 


 

http://www.palexmedical.es/uploads/groups/files/52/GRU%20INCONTINENCIA%20URINARIA.jpg

http://www.convatec.com/convatec/jsp/CVTBProductDetail.do?prodId=prod1040001&language=en&country=US&audience=HCP#

http://www.convatec.com/convatec/jsp/CVTUSHStaticContent.do?lang=en&country=US&channelId=/Convatec/US/HCP/Top_Navigation/US_HCP_Wound_Skin_Care/US_HCP_WSC_Products/US_HCP_WSC_Skin_Care_Products/US_HCP_WSC_By_Brand/US_HCP_Flexi_Seal&contentKey=US_HCP_FMS_Product_Description&audience=HCP


 


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publicado por Visao ENFernal, em 02.05.08 às 00:09link do post | favorito
 

 

Certos efeitos adversos são, por vezes, um aliado ao tratamento. Tratar uma “condição aproveitando-se da contra-indicação” do medicamento poderá ser um paradoxo, mas é isto que torna o cuidar tão interessante.

 
 

Ao navegar pelas bibliotecas de publicações científicas, o Visão ENFernal esbarrou-se com um artigo (local anesthetics as antimicrobial agents: a review. – 9 April 2008), bastante sucinto por jeitos, mas de uma importância inegável. Além das propriedades analgésicas, certos anestésicos tópicos funcionam também como agentes antimicrobianos:

 

 

[…] to their anesthetic properties, medications such as bupivacaine and lidocaine have been shown to exhibit bacteriostatic, bactericidal, fungistatic, and fungicidal properties against a wide spectrum of microorganisms.

 

 

Esta “review” baseada em vários estudos publicados durante as últimas décadas, baseia este pressuposto por investigações efectuadas em que foram consideradas uma panóplia de variáveis.

 

O efeito antimicrobiano verifica-se quando aplicadas as doses clínicas usuais dos anestésicos em causa, colocando de parte a necessidade de doses suplementares para se atingir efeito antimicrobiano, sem correr o risco de atingir limiares de toxicidade. A explicação deste facto conduz-nos à capacidade dos anestésicos tópicos serem capazes de provocar lise celular. Além disto, cada tipo de anestésico possui um espectro de actuação diferente:


 

 

[...] bupivacaine and lidocaine, for example, inhibit growth to a significantly greater extent than does ropivacaine.

 


 

Para finalizar, e como o próprio estudo indica, este efeito colateral dos anestésicos deve ser amplamente conhecido, uma vez que a colheita de espécimenes para cultura bacteriana em que o procedimento implicou aplicação de anestésico local, poderá indiciar um falso-negativo. Como coadjuvante ao controlo da dor, é sempre bem-vindo.



http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18426354?ordinalpos=17&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.Pubmed_RVDocSum
http://www.fda.gov/consumer/updates/pics/liposuction_photorsrchrs.jpg
http://drdavescience.files.wordpress.com/2007/09/ecoli.gif

sinto-me: X+2Y+3Z de trabalho

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