O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 25.02.08 às 19:39link do post | favorito


A concl
usão é, no mínimo, preocupante: «Patients with atrial fibrillation who are treated with digitalis may be at increased risk of death, according to findings from an observational study by Scandinavian and US researchers.»

No artigo publicado na web não é possível obter-se a explicação plausível para este facto, contudo os investigadores afirmam que «the report should be regarded as a whistle blow: there may be a mortality problem with digitalis».

Quanto ao método do estudo:


To investigate this theory, the researchers examined data from a study involving 7,329 moderate to high risk patients with atrial fibrillation. At baseline, 53.4% were receiving digitalis therapy. These patients had a mortality rate of 6.5%, versus 4.1% in nonusers (hazard ratio, 1.58).


O perigo associado ao uso dos digitálicos está relacionado com os seus efeitos adversos que, sendo comprovado com estudo apropriado, poderá diagnosticar um número elevado de pessoas em risco de morte.



http://www.medscape.com/viewarticle/570569
http://www.dbtechno.com/images/diabetes_treatment_death_risk.jpg

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publicado por Visao ENFernal, em 25.02.08 às 16:25link do post | favorito

Aula dada pelo Sr. Engenheiro Sócrates, em que numa citação casuística, remata as falhas médicas como meros aspectos a evoluir em termos de estruturação organizacional das instituições de prestação de cuidados de saúde.

in Noticias RTP

 

«De acordo com o primeiro-ministro, uma das formas de evitar o erro humano é apostar na concentração das unidades e dos profissionais de saúde.

 

Sem especificar quais os serviços que devem ser concentrados, José Sócrates lembrou que os serviços hospitalares são uma área na qual "ainda não há consenso"».


Mas será que há alguma alma caridosa que consiga explicar isto?


Quanto aos hospitais de parceria publico-privado (como o recém-criado em Cascais), não tenho dúvidas da diminuição dos gastos estatais em 12%, mas corroborar o incremento da qualidade dos serviços prestados é demagogia pura e barata.

 


http://www1.istockphoto.com/file_thumbview_approve/3918968/2/istockphoto_3918968_overscheduled_underpaid.jpg

 

 


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publicado por Visao ENFernal, em 24.02.08 às 20:17link do post | favorito

 

 

Pelo menos uma vez ao dia! Já parece a publicidade do Danacol, mas longe disso, “FAST-HUG” são siglas que compõem uma menomónica, em que cada letra que a compõe dignifica um aspecto essencial a ter em conta no cuidar ao doente crítico. Jean-Louis Vincent, autor deste conceito em 2005, sistematizou a boa prática nas unidades de cuidados intensivos num conjunto de 7 aspectos essenciais a ter em conta, os quais não deverão ser esquecidos:


 
  • F (feeding) – a prevenção da malnutrição e da manutenção óptima da alimentação do doente crítico é fundamental no seu processo de tratamento, devendo estar ajustada à sua condição;
 
  • A (analgesia) – nem sempre fácil de prever num doente crítico, a dor deve ser controlada de forma eficaz, especialmente nas unidades de cuidados intensivos em que a resenha de atitudes invasivas é substancial;
 
  • S (sedation) – uma sedação apropriada resulta em bem-estar do doente e prevenção de complicações associadas ao uso excessivo de sedativos.
 
  • T (Thromboembolic prophylaxis) – por natureza o doente crítico encontra-se propenso à TVP. A hipocoagulação deve ser ponderada pelo risco de hemorragia, mas não esquecida;
 
  • H (Head of the bed elevated) – é eficaz na prevenção do refluxo gastroesofágico e um dos aspectos a ter em conta na prevenção da pneumonia de aspiração;
 
  • U (stress Ulcer prevention) – comum nos doentes ventilados, contudo o método de prevenção não é consensual;
 
  • G (Glucose control)
 

Pequenos gestos, agrupados numa menomónica fácil de decorar e de simbologia simpática, que fazem todo o sentido na globalidade do cuidador em unidades intensivas. Segundo o autor, deveria ser aplicado pelo menos uma vez ao dia, contudo defenda que idealmente cada membro da equipa o deva fazer em cada abordagem ao doente.

 


Por curiosidade, um estudo publicado a 12 do corrente mês, demonstra que a aplicação deste conceito numa UCI específica durante 2 anos, traduziu-se em diminuição significativa da Pneumonia Associada ao Ventilador. A associação entre ambos não se encontrava prevista, mas o resultado final foi interessante. Passo a citar na íntegra o abstract do estudo em questão:

 

«Background

 

Ventilator-associated pneumonia (VAP) is a leading cause of morbidity and mortality in critically ill patients. The Institute for Healthcare Improvement 100,000 Lives Campaign made VAP a target of prevention and performance improvement. Additionally, the Joint Commission on Accreditation of Health Organizations' 2007 Disease Specific National Patient Safety Goals included the reduction of healthcare-associated infections. We report implementation of a performance improvement project that dramatically reduced our VAP rate that had exceeded the 90th percentile nationally.

 

Methods

 

From 1 January 2004 to 31 December 2005 a

performance improvement project was undertaken to decrease our critical care unit VAP rate. In year one (2004) procedural interventions were highlighted: aggressive oral care, early extubation, management of soiled or malfunctioning respiratory equipment, hand washing surveillance, and maximal sterile barrier precautions. In year two (2005) an evaluative concept called FASTHUG (daily evaluation of patient feeding, analgesia, sedation, thromboembolic prophylaxis, elevation of the head of the bed, ulcer prophylaxis, and glucose control) was implemented. To determine the long-term effectiveness of such an intervention a historical control period (2003) and the procedural intervention period of 2004, i.e., the pre-FASTHUG period (months 1-24) were compared with an extended post-FASTHUG period (months 25-54).


 

 

Results

 

The 2003 surgical intensive care VAP rate of 19.3/1000 ventilator-days served as a historical control. Procedural interventions in 2004 were not effective in reducing VAP, p=0.62. However, implementation of FASTHUG in 2005, directed by a critical care team, resulted in a rate of 7.3/1000 ventilator-days, p<.01. The median pneumonia rate was lower after implementation of FASTHUG when compared to the historical control year (p= .028) and the first year after the procedural interventions (p= .041) using follow-up pairwise comparisons. The pre-FASTHUG period (2003-2004, months 1-24) when compared with an extended post-FASTHUG period (2005-2007, 25-54 months) also demonstrated a significant decrease in the VAP rate, p=.0004. This reduction in the post-FASTHUG period occurred despite a rising Severity of Illness index in critically ill patients, p=.001.

 

Conclusion

 

Implementation of the FASTHUG concept, in the daily evaluation of mechanically ventilated patients, significantly decreased our surgical intensive care unit VAP rate.»

 


http://www.sptimes.com/2007/04/24/images/pain450.jpg
http://www.ehponline.org/members/2005/113-12/focus1.jpg
http://www.pssjournal.com/content/pdf/1754-9493-2-3.pdf
http://www.pssjournal.com/content/2/1/3
http://www.huwc.ufc.br/arquivos/biblioteca_cientifica/1177028601_46_0.pdf


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publicado por Visao ENFernal, em 14.02.08 às 15:51link do post | favorito
Sobre o tratamento de úlceras venosas já postei neste blog vários assuntos, sendo um deles directamente relacionado com a terapia compressiva. A "resistência à mudança" ainda se verifica em Enfermagem, mas surgem dados concretos de que essas mudanças se traduzem em ganhos em saúde, de que a Enfermagem poderia aproveitar em prol da inovação das próprias práticas. As novas abordagens nem sempre são assumidas como peremptórias, infelizmente. Em vez disso ainda se assistem práticas baseadas na evidência que espelham o dogma individual em torno do tratar.

A terapia compressiva é antiga, eficaz e beneficia não só o doente crónico, como também as instituições de saúde:

Consultar site da DGS

e clicar em:

Tratamento de Feridas - Resultados de um Projecto de Investigação na SRS do Porto

http://bodas.files.wordpress.com/2007/02/work_garfield.gif

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publicado por Visao ENFernal, em 14.02.08 às 10:50link do post | favorito
in Jornal de Noticias (edição Norte de 2008.02.14)

«Um maior número de funções a desempenhar pelos profissionais de saúde cuja actividade se desenrola nos blocos operatórios está na origem da falta de cumprimento integral de uma regra preventiva de infecções hospitalares a lavagem das mãos. Quem o afirma é Manuel Valente, membro da Associação de Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP), em véspera de ser assinalado o Dia do Enfermeiro Perioperatório.

Mais funções, por haver menos pessoal, estarão a impedir que se cumpram as recomendações das autoridades de saúde para prevenção das infecções hospitalares. Os profissionais estarão a lavar as mãos metade das vezes que deveriam e correctamente. O alerta é lançado pela AESOP, que se alia ao Dia Europeu do Enfermeiro Perioperatório, a assinalar amanhã, divulgando o lema "Cuidar está nas tuas mãos- Preserva-as limpas"».

Com a incessante tendência para redução do número de efectivos nos serviços de saúde, mantendo a política de aumento da produtividade, assiste-se a um espectáculo nada interessante no que respeita à qualidade dos cuidados prestados. "O que interessa é fazer", mas o veículo para tal... só se possível! Este é uma das mais derradeiras provas de que a política orçamental acarreta prejuízos graves, que a redução do número de Enfermeiros ao serviço implica automaticamente diminuição da qualidade dos serviços de saúde prestados (e não exclusivamente de enfermagem). Ainda bem que notícias destas bailam pela imprensa, para mostrar ao mundo que urge gerir em meio hospitalar, e gerir implica administração consciente. E administrar, relembre-se:

in wikipédia

«A Administração (do latim: administratione) é o conjunto de actividades voltadas a direcção de uma organização utilizando-se de técnicas de gestão para que alcance seus objectivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental».

 


http://www.unimedjp.com.br/arquivos/fotos/infeccaohospitalar.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 05.02.08 às 00:12link do post | favorito

As siglas confundem-se facilmente com o nome de uma empresa de armamento nuclear, mas longe disso, NNWT significa Noncontact Normothermic Wound Therapy. Trata-se de um dispositivo usado no tratamento de feridas crónicas muito diferente dos métodos tradicionais conhecidos, contudo com uma base actuação bastante simples.

Combina a acção de um filme não aderente aquecido à temperatura de 38ºC, garantindo um aumento substancial da temperatura das células da ferida.



 

(clicar na imagem para ampliar)


 

Trata-se de um equipamento não aderente, constituído por uma espuma que se encontra em contacto directo com os bordos íntegros (capaz de absorver exsudados) e transparente para permitir a visualização da ferida. Apresenta um cartão flexível, inserido numa ranhura própria, que é capaz de emitir radiação que aquece o material, transmitindo essa energia à ferida.

A temperatura normal do tegumento humano ronda os 37ºC +/-, pelo que a hipotermia traduz-se em diminuição das reacções enzimáticas, funcionamento da imunidade celular e oxigenação tecidular, com consequente diminuição da capacidade de cicatrização. Através deste método, provoca-se artificialmente um meio quente que promove a vasodilatação e a oxigenação dos tecidos afectados.

 

Está indicado em úlceras de pressão e úlceras venosas crónicas quando os métodos tradicionais falharam. Quanto às úlceras venosas, a NNTW tem eficácia garantida documentada. Já as úlceras de pressão diferem relativamente ao grau em que se encontram, dado que um dos estudos consultados demonstravam que o rácio custo-benefício positivo ocorre só com úlceras de grau III e IV.

 

Alguns investigadores indagaram a possibilidade da NNTW ser um método eficaz para resolução de áreas dadoras de excertos, contudo essa hipótese falhou. Nas áreas dadoras, o tratamento convencional prevalece comparativamente à NNTW.



 

Os tratamentos são efectuados em instituições de saúde competentes, três vezes ao dia num período de uma hora cada sessão. Por este motivo, apesar de se provar uma eficácia acrescida no tratamento de úlceras de pé diabético com diminuição esponencial das taxas de amputação, a sua indicação neste tipo de úlceras não é 100% aplicável. A justificação tem cariz económica, uma vez que neste tipo de feridas não existe custo-benefício acrescido, dado que a NNTW não se encontra adaptado ao ambulatório (a remoção e recolocação da placa não-adesiva implica custos acrescidos que deixam de tornar o tratamento vantajoso).


Muito há para dizer sobre este método de tratamento da autoria da Augustine Medical, Inc., intitulado de Warm-Up® Active Wound Therapy, mas infelizmente o acesso a alguns estudos com potencial interesse só se encontra disponível mediante o pagamento dos mesmos. Já lá vão os tempos em que o que satisfazia o investigador era a publicação primordial da sua pesquisa.
Parece, também, que em Portugal ainda não se pratica este método de tratamento.



Fontes de Informação

http://www.cigna.com/customer_care/healthcare_professional/coverage_positions/medical/mm_0292_coveragepositioncriteria_noncontact_normothermic_wound_therapy_nnwt.pdf

http://www.o-wm.com/article/221

http://www.aetna.com/cpb/medical/data/300_399/0372.html

http://www.niddk.nih.gov/federal/dmicc/2004/dmicc_fy2004/images/slide6.gif

http://www.medscape.com/viewarticle/547371_5

http://www.aswcjournal.com/pt/re/advswc/abstract.00129334-200211000-00008.htm;jsessionid=HnTJlmghhZJB725MHbq9vdJs5GyyphJZ9gnJXnNxmcMzVJvnL5Jp!1138671057!181195629!8091!-1

http://www.extendedcarenews.com/article/331

http://www.freepatentsonline.com/6589270-0-large.jpg

http://www.o-wm.com/article/..%5COWM%5CHTML%5Cimages%5Cthumbs%5C0302f2_i1.gif

http://www.o-wm.com/article/..%5COWM%5CHTML%5Cimages%5Cthumbs%5C0302f2_i3.gif

http://www.freepatentsonline.com/6528697-0-large.jpg

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publicado por Visao ENFernal, em 01.02.08 às 17:02link do post | favorito

É o conceito que restou da leitura “Do Silêncio à voz” de Bernice Buresh e Suzanne Gordon. A minha tacanhez de espírito ficou condenada a sentença feroz à medida que folheava as páginas deste livro.

Duas pessoas alheias à vida de enfermagem, transparecem um sentimento de admiração sobre a essência desta nobre profissão, cujo valor tem sido subjugado por conveniências. A conexão entre as jornalistas e a enfermagem resulta num enredo, cujo elenco nos conduziria à procura das respostas a que durante anos e anos os profissionais de enfermagem buscam e não encontram.

Enfermagem tem potencial para ser tudo, mas não é nada… enquanto não der uso à voz. O nosso mérito seria tão proporcional à grandeza dos nossos actos, realizando a classe em todos os moldes mas, a “cortina de ferro” enclausura os espíritos mais acanhados e, com efeito, o cooperativismo entre membros. Sugestões das autoras:

 
  • “[…] só as enfermeiras podem informar verdadeiramente o público sobre enfermagem”
 
  • “[…] cada enfermeira torne a comunicação pública e educação, uma parte integrante do seu trabalho”.
 
  • “[…] as enfermeiras ultrapassem os obstáculos internos que as silenciem”
 

Uma resenha de hipóteses, no ponto de vista de quem estudou durante anos o paradigma da submissão de enfermagem à emancipação social, que centra O Enfermeiro como parte integrante da solução. Ficaremos à espera do nosso D. Sebastião, deixando o barco ser navegado por quem nos convém não saber, nem importar? Julgo ser demasiadamente cedo para isso, mas a corrida entre os ponteiros do relógio é ameaçadora ao nosso status.

 


Alea jacta est!

 

 

 

PS: queria agradecer ao DoutorEnfermeiro pela belíssima sugestão de leitura. Em tom de ironia, deixarei a brasa quente para os próximos espíritos irrequietos.



http://www.worth1000.com/entries/341000/341461FKnJ_w.jpg



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