Quer seja acometimento restritivo, obstrutivo ou misto, os síndromes respiratórios e o respectivo tratamento encontram-se muito dependentes da oxigenoterapia. Apesar de eleição, o oxigénio nem sempre foi a única arma contra as patologias de carácter obstrutivo, e já em 1934 reconhecia-se o benefício do emprego do hélio.
O hélio é o elemento mais leve dentro do grupo dos gases nobres. Com o símbolo químico He, à temperatura ambiente encontra-se no estado gasoso e, por se tratar de um gás nobre, é quimicamente inerte. Desde a década de 30 do século XX, reconheceram-se benefícios clínicos com o uso de misturas de oxigénio-hélio (HELIOX) em diferentes proporções, com resultados positivos em situações de obstrução parcial da via aérea superior - como por exemplo o estridor causado por laringospasmo. Mais recentemente verificou-se que o heliox torna-se vantajoso nas situações de obstrução das vias aéreas inferiores, nomeadamente nas crises de asma e situações de agravamento da DPCO.
Uma vez que o hélio é 8 vezes menos denso que o oxigénio e a mistura de heliox é 3 vezes menos denso que o ar corrente, há diminuição da resistência do gás nas vias aéreas superiores e inferiores. Através deste mecanismo é possível melhorar a ventilação do doente, diminuir a dispneia e o esforço respiratório e, consequentemente, incrementar o conforto do doente.
Vantagens da mistura heliox:
- O hélio não é tóxico, não tem cheiro, não tem sabor;
- A sua baixa densidade reduz o drive de pressão no fluxo do gás, fluindo pelas vias aéreas de forma laminar e não de forma turbulenta;
- Reduz a resistência das vias aéreas, permitindo a diminuição do trabalho respiratório em cerca de 49%;
- Provoca a diminuição do pulso paradoxal;
- Pode ser utilizado em doentes pediátricos;
- Aumenta a difusão do CO2, garantindo trocas gasosas a nível alveolar mais eficazes;
- Facilita a condução dos Beta-agonistas para as vias aéreas distais em situações de broncoconstrição grave;
- Reduz a necessidade de intubação endotraqueal e ventilação mecânica.
Desvantagens do uso do heliox:
- Pode provocar hipotermia, pelo que requer para além de humidificação, o seu préveo aquecimento;
- Para ser eficaz deve ser preconizada a proporção de 21% O2 e 79% He, pelo que doentes com necessidades de oxigénio superiores a 40% deverão ser tratados servindo-se da oxigenoterapia convencional;
- Existem relatos de atelectasias tardias em bebés prematuros, pela alta condutividade térmica do He;
- Requer máscaras e nebulizadores próprios para a sua administração;
- O He pode distorcer a fala de forma temporária;
- O tratamento com He é mais caro comparativamente à oxigenoterapia convencional, contudo quanto mais precoce for a implementação do tratamento com heliox, a probabilidade de eficácia aumenta (por resolução mais rápida do quadro de insuficiência respiratória) e os custos diminuem, atendendo à menor mora-média de internamento e do facto do doente não necessitar de permanecer ventilado numa unidade de cuidados intensivos.
Fontes de Informação
http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lio
http://www.bocmedical.co.uk/product_information/heliox.asp
http://www.rcjournal.com/contents/06.06/06.06.0651.pdf
http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/scenes-p/elem/e00210.html
http://www.asmabronquica.com.br/medical/tratamento_asma_hospitalar.html
http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0370-41062002000600009&script=sci_arttext
http://interfisio.locaweb.com.br/index.asp?fid=63&ac=1&id=7
http://www.aip.org/mgr/png/images/helium6.jpg
http://www.respiratorygroup.com/products/images/thumbs/heliox.jpg
http://exp-ap.eng.hokudai.ac.jp/equipment/He3cryostat.JPG