… lombalgias ocupacionais nos profissionais de saúde
A lengalenga da manutenção de posturas correctas na execução de trabalhos mais forçosos por parte dos Enfermeiros, já era conhecida desde a primeira cadeira de reabilitação. A Lombalgia Ocupacional nasce do desprezo dessas regras que ajudam a prevenir a sobrecarga postural e, consequentemente, lesões músculo-esqueléticas inevitáveis.
No entanto, um estudo efectuado por BAPTISTA e BASTOS (ver estudo na íntegra neste link) datado de 2007, demonstrou que não são só os factores relacionados com a ergonomia e postura que intervêm na lombalgia ocupacional – os factores emocionais têm peso significativo.
"O estudo longitudinal durante 2 anos foi efectuado junto dos profissionais de saúde acima referidos [médicos dentistas, Enfermeiros, Fisioterapeutas e osteopatas], num número de 110 voluntários sendo 70 de sexo feminino e 40 de sexo masculino, com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos. [...]
Resultados mais significativos:
- 44% dos trabalhadores referiam sintomas de lombalgia, sendo que 90% tinham uma postura incorrecta relativamente ao posto de trabalho;
- 60% dos trabalhadores manifestaram cansaço físico no final do dia de trabalho;
- 80% dos trabalhadores avaliados não cumpriam com exercício físico regular;
- 35% dos funcionários manifestavam excesso de peso corporal;
- 70% dos trabalhadores não recebem qualquer tipo de elogio pelo trabalho que desenvolvem, o que leva 60% a referirem que o trabalho que executam é stressante.
Conclusão:
"Os resultados obtidos vieram-nos confirmar que as lombalgias ocupacionais, tem efectivamente uma etiologia de carácter multifactorial, evidenciando uma disfunção de cariz postural, o que nos sugere uma maior atenção no capítulo da prevenção, utilizando métodos já provados em matéria de reeducação postural, bem como um maior
acompanhamento por parte da área psicológica de forma a serem criadas as condições necessárias para uma boa estabilidade emocional, permitindo uma maior defesa contra as lombalgias ocupacionais."
As lombalgias "custam a Portugal dois mil milhões de euros por ano", e é das principais causas de absentismo... dá que pensar.