O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 29.11.07 às 19:33link do post | favorito
PARTE 1

A história não é recente. Em 1974 um cirurgião de nome Bryan, efectuou cirurgias com o doente em prone position, chegando à conclusão de que nesta posição ocorria uma melhor expansão das zonas dorsais do pulmão e, consequentemente, melhor oxigenação. Este foi o ponto de partida para que, mais tarde (1976), Piehl e Brown associassem o mesmo benefício em doentes com ARDS. O mecanismo que o justificasse era discutível e ainda hoje mantém-se controverso, contudo é consensual que na ARDS o doente apresente melhorias na ventilação em prone position.


 

O principal efeito fisiológico que provoca em situações de ARDS é o melhoramento da PaO2, dado que:

 
 
 
 
 
  • Ocorre uma diminuição de atelectasias, devido à reexpansão da zona dorsal do pulmão por aumento da pressão transpulmonar, melhorando a ventilação e diminuição do shunt pulmonar;
  • Em dorsal, o coração exerce pressão sobre os pulmões, enquanto que em posição ventral o mesmo exerce pressão sobre o externo, não comprometendo de forma tão grave a função pulmonar;
  • Ao longo do eixo vertical o gradiente de pressão pleural é menor com o paciente em prone position do que em dorsal;
  • Facilita a drenagem das secreções;
  • O movimento do diafragma em dorsal é uniforme, enquanto que em ventral ocorre maior movimentação da região dorsal, onde as áreas de atelectasias são mais intensas.



 

...e muitos outros factores que uns autores definem como consensuais e outros como desprezíveis. De uma forma geral e, atendendo às análises estatísticas, alguma percentagem de doentes com ARDS, beneficiam da posição ventral. A sua aplicação é também contraritória, contudo a maioria dos investigadores defendem que “the sooner, the better”, ou seja, quanto mais precocemente for adoptado o prone ao doente com ARDS, melhor será a sua dinâmica ventilatória, podendo ser iniciado logo nas primeiras fases exsudativas, com intuito de prevenir atelectasias. Nas fases tardias em que ocorre diminuição da compliance por fibroproliferação, não terá tanta eficácia, havendo quem aponte nenhum benefício.


 

Quando à duração do posicionamento, há estudos que apontam para a importância do posicionamento alternado em prone e dorsal, para equilibrar a ventilação anterior e posterior. Outros defendem a manutenção do doente em ventral durante períodos alargados de 4, 6 a 10 horas. Estudos mais recentes, defendem que quanto mais tempo e mais precocemente o doente se mantiver o prone, melhor será a sua resposta clínica, apontando para um período máximo de 18h.


 

Existem, contudo, problemas associados a este tipo de posionamento:

 
 
 
 
 
 
  • Não requer camas especiais, mas sim pessoal habilitado para posicionar adequadamente o doente;
  • Poderá ocorrer extubação acidental ou angulação do TET;
  • Existe um risco acrescido de exteriorização da linha central e arterial;
  • Tem limitações em doentes obesos, em doentes com outro tipo de lesões corporais;
  • Frequentemente provoca edema facial e úlceras de pressão em estruturas da cabeça, como por exemplo os pavilhões auriculares e queixo, bem como a nível do tórax, joelhos e cristas ilíacas;
  • Diminui a tolerância alimentar;
  • Obstrução da via aérea por acumulação de secreções;
  • Necessita de maior monitorização da sedação, da pressão dos cuffs e dos movimentos da caixa torácica;
  • Torna o manuseamento do TET e acessos venosos mais difícil.
 

 

 

No próximo post irei abordar a técnica de posicionamento e das ajudas técnicas que poderão ser utilizadas neste procedimento.


 

 

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publicado por Visao ENFernal, em 27.11.07 às 23:59link do post | favorito

Estima-se que cerca de 40% dos portugueses têm risco acrescido de sofrerem um AVC. Uma estatística assustadora, assumindo que a faixa etária afectada não se restringe, por si só, ao idoso (in http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=5169):

Actualmente, 39,3 por cento por cento dos portugueses conjugam uma série de factores de risco para ter enfartes, AVC, problemas renais ou diabetes.

Parece que o "ocidentalismo" empurra de forma grotesca o nosso "mediterranismo", e o resultado é puramente crítico.

[...] a alimentação é também um dos principais factores responsáveis pelo número de AVC. Os portugueses consomem o dobro do sal recomendado e a redução "não é possível em dois anos" [...] substituir o sal por ervas aromáticas pode ser um passo importante para tornar mais saudável a alimentação dos portugueses.

Parece ridículo, porém...

"Um grama a menos de sal por dia na dieta dos portugueses pouparia 2.560 vidas por ano", referiu o médico e deputado da Comissão de Saúde Joaquim Couto.

Em Portugal consome-se, em média, o dobro de sal para além do que se encontra recomendado, conduzindo à proposta do governo no estabelecimento de uma "cota" máxima de sal nos produtos alimentares. Além disto, e com a participação da ASAE, os géneros alimentares serão alvo de rotulagem obrigatória do teor de sal que contêm.
São boas medidas, mas ainda insuficientes para reduzir aquilo que, comprovadamente, é evitável.



Imagens:
http://www.estrucplan.com.ar/producciones/imagenes/shml/toxicologia/toxicologi
a14/image014.jpg
http://www.cronica.com.mx/nimagenes/6/98fb942cc5.jpg

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publicado por Visao ENFernal, em 26.11.07 às 17:52link do post | favorito

A empresa holandesa Philips irá lançar uma nova gama de soluções adaptadas às exigências em termos de segurança e performance em imagiologia. O “Brilliance TC” é dotado de potencialidades imagináveis, permitindo uma redução drástica na quantidade de radiação necessária para obterem-se imagens do corpo humano mais nítidas e de forma mais rápida.


 

In jornal O Público (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1311933)

 


[…] este “super-scanner” tem a capacidade de fazer um exame de corpo inteiro em menos de um minuto […] “É tão poderoso que pode captar a imagem de um coração inteiro em apenas dois segundos”.


 

As imagens obtidas são tridimensionais e podem ser vistas em vários ângulos, com uma qualidade sem precedentes. O aparelho está ainda em fase de testes, mas aparenta ser prometedor. Eis uma imagem obtida por este equipamento (retirado do site da Philipps)


 



 

Fontes de informação:

http://www.medical.philips.com/

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1311933

http://www.elcomercio.com.pe/ediciononline/HTML/2007-11-26/un_escaner_en_3d_revoluciona_l.html

 


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publicado por Visao ENFernal, em 26.11.07 às 16:23link do post | favorito

Expresso o meu profundo agradecimento ao Cogitare pelo prémio “até que não é um mau blog” e remeto o mesmo, por razões mais que óbvias, à Vera e lifepassenger pelo excelente trabalho que têm produzido no Cogitare. Para mim, um blog de referência em Enfermagem sem margem para dúvidas, um espaço que passo frequentemente para colocar uns “olhinhos” atentos sobre o que se passa no mundo da saúde.

 

O Visão ENFernal surgiu recentemente e todo o tempo a “ele” dedicado jamais será infrutífero. Os objectivos a que se propôs nem sempre corresponderam ao que julgava ser mais que óbvio, mas tudo é aprendizagem e farei os possíveis para tornar este local o mais producente possível.


 

Agora as regras do jogo:


 

1. Este prémio deve ser atribuído aos blogs que considerem serem bons, entende-se como bom os blogs que costuma visitar regularmente e onde deixa comentários.

2. Só e somente se recebeu o “Diz que até não é um mau blog”, deve escrever um post:
- Indicando a pessoa que lhe deu o prémio com um link para o respectivo blog;
- A tag do prémio;
- As regras;
- E a indicação de outros 7 blogs para receberem o prémio.
3. Deve exibir orgulhosamente a tag do prémio no seu blog, de preferência com um link para o post em que fala dele.

4. (Opcional) Se quiser fazer publicidade ao blogger que teve a ideia de inventar este prémio, ou seja – Skynet - pode fazê-lo no post).

 


Os meus favoritos, sendo a ordem de apresentação completamente arbitrária relativamente às preferências pessoais:

 
 


 

 
 
 
 

 


 

Obviamente não estão aqui incluídos todos os blogs que visito e intervenho, contudo salientei aqueles em que sou realmente assíduo  e que penso serem locais de passagem obrigatória. Contudo a eleição de "todos os blogs que até nem são maus" já está efectuada na lista de blogs favoritos na barra lateral do Visão ENFernal e todos, mas todos... merecem um prémio audacioso.




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publicado por Visao ENFernal, em 23.11.07 às 19:03link do post | favorito

 

Quer seja acometimento restritivo, obstrutivo ou misto, os síndromes respiratórios e o respectivo tratamento encontram-se muito dependentes da oxigenoterapia. Apesar de eleição, o oxigénio nem sempre foi a única arma contra as patologias de carácter obstrutivo, e já em 1934 reconhecia-se o benefício do emprego do hélio.


 

O hélio é o elemento mais leve dentro do grupo dos gases nobres. Com o símbolo químico He, à temperatura ambiente encontra-se no estado gasoso e, por se tratar de um gás nobre, é quimicamente inerte. Desde a década de 30 do século XX, reconheceram-se benefícios clínicos com o uso de misturas de oxigénio-hélio (HELIOX) em diferentes proporções, com resultados positivos em situações de obstrução parcial da via aérea superior - como por exemplo o estridor causado por laringospasmo. Mais recentemente verificou-se que o heliox torna-se vantajoso nas situações de obstrução das vias aéreas inferiores, nomeadamente nas crises de asma e situações de agravamento da DPCO.

 


Uma vez que o hélio é 8 vezes menos denso que o oxigénio e a mistura de heliox é 3 vezes menos denso que o ar corrente, há diminuição da resistência do gás nas vias aéreas superiores e inferiores. Através deste mecanismo é possível melhorar a ventilação do doente, diminuir a dispneia e o esforço respiratório e, consequentemente, incrementar o conforto do doente.

 


 

Vantagens da mistura heliox:

 
  • O hélio não é tóxico, não tem cheiro, não tem sabor;
  • A sua baixa densidade reduz o drive de pressão no fluxo do gás, fluindo pelas vias aéreas de forma laminar e não de forma turbulenta;
  • Reduz a resistência das vias aéreas, permitindo a diminuição do trabalho respiratório em cerca de 49%;
  • Provoca a diminuição do pulso paradoxal;
  • Pode ser utilizado em doentes pediátricos;
  • Aumenta a difusão do CO2, garantindo trocas gasosas a nível alveolar mais eficazes;
  • Facilita a condução dos Beta-agonistas para as vias aéreas distais em situações de broncoconstrição grave;
  • Reduz a necessidade de intubação endotraqueal e ventilação mecânica.
 

 

 

Desvantagens do uso do heliox:

 
  • Pode provocar hipotermia, pelo que requer para além de humidificação, o seu préveo aquecimento;
  • Para ser eficaz deve ser preconizada a proporção de 21% O2 e 79% He, pelo que doentes com necessidades de oxigénio superiores a 40% deverão ser tratados servindo-se da oxigenoterapia convencional;
  • Existem relatos de atelectasias tardias em bebés prematuros, pela alta condutividade térmica do He;
  • Requer máscaras e nebulizadores próprios para a sua administração;
  • O He pode distorcer a fala de forma temporária;
  • O tratamento com He é mais caro comparativamente à oxigenoterapia convencional, contudo quanto mais precoce for a implementação do tratamento com heliox, a probabilidade de eficácia aumenta (por resolução mais rápida do quadro de insuficiência respiratória) e os custos diminuem, atendendo à menor mora-média de internamento e do facto do doente não necessitar de permanecer ventilado numa unidade de cuidados intensivos.
O heliox é verdadeiramente vantajoso, contudo ainda se desenrolam muitos estudos sobre as suas potencialidades, como na busca de alternativas, como é o caso do Perfluorocarbono e do Óxido Nítrico.



Fontes de Informação
http://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%A9lio
http://www.bocmedical.co.uk/product_information/heliox.asp
http://www.rcjournal.com/contents/06.06/06.06.0651.pdf

http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/scenes-p/elem/e00210.html
http://www.asmabronquica.com.br/medical/tratamento_asma_hospitalar.html
http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0370-41062002000600009&script=sci_arttext
http://interfisio.locaweb.com.br/index.asp?fid=63&ac=1&id=7
http://www.aip.org/mgr/png/images/helium6.jpg
http://www.respiratorygroup.com/products/images/thumbs/heliox.jpg
http://exp-ap.eng.hokudai.ac.jp/equipment/He3cryostat.JPG

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publicado por Visao ENFernal, em 22.11.07 às 17:29link do post | favorito
Para os amantes do intensivismo, deixo neste post um filme retirado do youtube.com que sistematiza, de forma virtual, os procedimentos relativos à entubação endotraqueal. Está com uma qualidade fantástica. Recomendo a visualização.


in http://www.youtube.com/watch?v=tKz2zadEX_0&feature=related


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publicado por Visao ENFernal, em 20.11.07 às 21:50link do post | favorito
Notícia da REUTERS (ver neste link):



"WASHINGTON (Reuters) - Researchers have transformed ordinary human skin cells into batches of cells that look and act like embryonic stem cells -- but without using cloning technology and without making embryos".
[...]
"We can now envisage a time when a simple approach can be used to produce stem cells that are able to form any tissue from a small sample taken from any of us," said Ian Wilmut of the University of Edinburgh, who helped clone the first mammal, Dolly the sheep, in 1997."

O impacto ético, político e social desta investigação é notável, muitos dos dilemas que são recentemente discutidos começam a desvanecer à medida que pesquisas como estas assumem forma. Surge assim, a par e passo, a medicina regenerativa, tornando possível a recodificação de células de órgãos do próprio organismo, com o objectivo de se “auto-repararem”.

 

Por enquanto, esta técnica poderá ser usada para aprofundar o conhecimento relativamente a doenças e efeitos de fármacos, já o tratamento de patologias é um objectivo considerado a longo prazo:


 

[…]”the new cells are not ready to use in people yet because they used a type of virus called a retrovirus to carry the new genes into the skin cells. It is not clear whether this virus might cause genetic mutations that could cause cancer or other side effects”.


Imagem:
http://www.microscopy-uk.org.uk/mag/imgapr06/12-Eosine.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 19.11.07 às 23:09link do post | favorito

… lombalgias ocupacionais nos profissionais de saúde



A lengalenga da manutenção de posturas correctas na execução de trabalhos mais forçosos por parte dos Enfermeiros, já era conhecida desde a primeira cadeira de reabilitação. A Lombalgia Ocupacional nasce do desprezo dessas regras que ajudam a prevenir a sobrecarga postural e, consequentemente, lesões músculo-esqueléticas inevitáveis.

 


No entanto, um estudo efectuado por BAPTISTA e BASTOS (ver estudo na íntegra neste link) datado de 2007, demonstrou que não são só os factores relacionados com a ergonomia e postura que intervêm na lombalgia ocupacional – os factores emocionais têm peso significativo.


 
 

"O estudo longitudinal durante 2 anos foi efectuado junto dos profissionais de saúde acima referidos [médicos dentistas, Enfermeiros, Fisioterapeutas e osteopatas], num número de 110 voluntários sendo 70 de sexo feminino e 40 de sexo masculino, com idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos. [...] Os dados sobre os diversos ambientes de trabalho, a saúde individual e os estilos de vida dos trabalhadores foi também analisada, utilizando-se para tal entrevistas efectuadas através de questionários aberto e fechado, e Folow-ups em cada 6 meses durante os referidos 2 anos de avaliação".

 


Resultados mais significativos:

 
  • 44% dos trabalhadores referiam sintomas de lombalgia, sendo que 90% tinham uma postura incorrecta relativamente ao posto de trabalho;
  • 60% dos trabalhadores manifestaram cansaço físico no final do dia de trabalho;
  • 80% dos trabalhadores avaliados não cumpriam com exercício físico regular;
  • 35% dos funcionários manifestavam excesso de peso corporal;
  • 70% dos trabalhadores não recebem qualquer tipo de elogio pelo trabalho que desenvolvem, o que leva 60% a referirem que o trabalho que executam é stressante.
 
 
 
 
 


Conclusão:

 

 


 

"Os resultados obtidos vieram-nos confirmar que as lombalgias ocupacionais, tem efectivamente uma etiologia de carácter multifactorial, evidenciando uma disfunção de cariz postural, o que nos sugere uma maior atenção no capítulo da prevenção, utilizando métodos já provados em matéria de reeducação postural, bem como um maior

 
 
 

acompanhamento por parte da área psicológica de forma a serem criadas as condições necessárias para uma boa estabilidade emocional, permitindo uma maior defesa contra as lombalgias ocupacionais."

 

As lombalgias "custam a Portugal dois mil milhões de euros por ano", e é das principais causas de absentismo... dá que pensar.




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publicado por Visao ENFernal, em 17.11.07 às 15:40link do post | favorito

 

 



Achei invulgar um frase de uma colega Norte-americana, afirmando que um dia seria inventado um simples e único produto “remédio santo” para a generalidade das feridas. Um pouco utópico, ou talvez em tom irónico – atendendo à franca proliferação de produtos expelidos das companhias farmacêuticas a toda a hora –, a escolha do produto acertado para o tratamento de feridas começa a exigir mais método, deliberação e prudência aos Enfermeiros, contrariamente ao que seria pedido numa realidade onde só um único produto subsistiria. Por este motivo sou claramente contra a “normatização” e “protocolação” de procedimentos relativos ao tratamento de feridas, até porque o surgimento de novos produtos implicaria a actualização dos mesmos – e raramente verificam-se “on scheduled time”.

 

Adiante no assunto, neste post pretendo falar sobre a maltodextrina. Trata-se de um hidrato de carbono complexo, composto por maltose e dextrose (daí o nome maltodextrina) que resulta da decomposição do amido de milho. Este polímero começou a suscitar interesse no tratamento de feridas, particularmente feridas crónicas de resolução problemática.

 

Curiosamente, informações relativas ao tratamento de feridas com este produto não abundam pela Internet e, mais invulgar ainda, a maior fonte de informação encontra-se escrito em Português, sobre a tutela do GAIF (mais um ponto a favor deste grupo que tem vindo a desenvolver um trabalho exímio em termos de investigação).

 


Apresentação:

 

Quanto à maltodextrina, existe sob a forma de pó ou gel. O pó encontra-se indicado para feridas mais exsudativas, ao passo que o gel adequa-se mais a feridas secas com potencial para desidratação.

 


 

 


Indicações:

 

Segundo o GAIF, a maltodextrina pode ser utilizada em todo o tipo de feridas, sejam elas úlceras de pressão, feridas de pé diabético, queimaduras de 1º e 2º grau e locais de dador de excerto. Existem autores que defendem benefício do emprego da maltodextrina em feridas infectadas, contudo não existe evidência concreta sobre isso.

 

Tem propriedades desodorizantes da ferida, por diminuição do exsudado purulento. Não é tóxico nem é absorvido para a via sistémica. Está indicado também no desbridamento de placas de necrose, uma vez que actua como um “emoliente”.

 


Modo de actuação:

 

A maltodextrina em contacto com a ferida resulta numa “película protectora para criar e manter um ambiente húmido”, ideal para o crescimento do tecido de granulação. Além disso, por ser uma fonte de energia biodisponível in situ, auxilia no processo de cicatrização.

 

Pelo facto de formar uma película, a sua adesão ao leito da ferida não ocorre, pelo que durante o tratamento não deixa resíduos nem provoca dor.

 


Frequência do tratamento:

 

Segundo o GAIF, o tratamento com maltodextrina poderá ser feito de 2/2 ou 3/3 dias.

 

Trata-se de um penso primário, não estando documentado quais os tipos de pensos secundários mais adequados neste tipo de tratamentos.

 

 

 

Recomendo a leitura dos estudos de caso elaborados pelo GAIF neste link.


Trata-se de um excelente tema para investigar em Enfermagem e nós, Enfermeiros, poderemos todos participar no sentido de elaborar estudos nesta área no sentido de incrementar o conhecimento relativo ao uso da maltodextrina.

 

A todos os colegas que possuem mais informações sobre este assunto, por favor partilhem enviando-me um e-mail ou através de comentário neste post.

 


Fontes de informação

http://www.genome.ad.jp/Fig/compound/C01935.gif

http://www.wisdomking.com/product/multidex-hydrophilic-powder-wound-dressing-9

 

www.gaif.net/artigos-rev.html

 

http://www.macleodpharma.com/Products/Intracell/Intracell.htm

http://www.mni.pt/images/conteudo/Ferida_Exsudado.jpg

http://www.dzoo.uevora.pt/var/dzoo/storage/images/investigacao/15795-7-por-PT/investigacao_large.jpg



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publicado por Visao ENFernal, em 15.11.07 às 16:36link do post | favorito

 

 



Numa das passagens pelo forumenfermagem.org, encontrei um post interessantíssimo sobre a necessidade de humidificação do oxigénio em doentes que se encontrem a fazer oxigenoterapia via cânula nasal.

 

Por curiosidade, investiguei as guidelines e estudos internacionais sobre esse assunto e, já em 1988, um estudo publicado no chestjournal, intitulado “Subjective effects of humidification of oxygen for delivery by nasal cannula - prospective study”, revelava não haver benefício acrescido com o uso de humidificadores em oxigenoterapia por CN superior a 4l/min:


 

 

Complaints, especially dry nose and dry throat (42.9 percent and 43.9 percent of the daily interviews, respectively) were common in both groups, but the symptoms were relatively mild and did not increase significantly when oxygen was administered without prior humidification. We conclude that routine humidification of oxygen for administration by nasal cannula is not justifiable, and that cessation of this practice would result in significant reductions in both time and material costs in respiratory care.

 

 


Mais recentemente, a American Thoracic Society revela, mais uma vez, não haver benefício com o dispêndio de sistema de humidificação em fluxos de O2 inferiores a 5 l/min:


 

 

 

"If you use transtracheal oxygen, humidification of the oxygen is important. With other delivery systems at less than 4 liters per minute, humidification is not usually necessary or beneficial. If you have dryness in your nose, you can use a saline (salt water) spray. If this does not help, a humidifier can be attached to the oxygen system. The humidifier is a bottle filled with sterile or distilled water. The oxygen passes through the water to gather moisture. Water from the humidifier should be changed every 1-2 days".

 


Outros investigadores, tais como MIYAMOTO KENJI(Hokudai I Hokengakka)


 

 

"In this paper, we demonstrate mathematically that: 1) the oxygen received through a nasal cannula at 0.5-4 L/min or through a Venturi mask at 24-40% constitutes only a small percentage of the patient's inspiratory tidal volume (2.4-19% and 3.8-24%, respectively), 2) the humidity deficit caused by inhaling unhumidified oxygen through a nasal cannula at 0.5-4 L/min or through a Venturi mask at 24% to 31% is very small compared with the water content delivered from the airway, and 3) this humidity deficit is easily compensated for by increasing the relative humidity of the room air a little, e.g., by only 4% in case of inhalation of 2 L/min of oxygen through a nasal cannula".


 

 

… e AARC Clinical Practice Guideline em 2002 reforçam a mesma conclusão:

 


Nasal cannulae can provide 24% to 40% oxygen with flowrates up to 6 L/min in adults (depending on ventilatory pattern). Oxygen supplied via nasal cannula at flowrates <4 L/min need not be humidified. Care must be taken when assigning an estimated FIO2 to patients as this low-flow system can have great fluctuations.

 


Quase todos os estudos revelam que, a abolição da humidificação do oxigénio em fluxos reduzidos traz benefícios monetários às instituições hospitalares, não aumenta as queixas de irritabilidade e secura da mucosa nasal dos doentes e previne o risco de desenvolver infecções do tracto respiratório associado ao sistema de oxigenoterapia. Por defeito, os doentes que referem desconforto por falta de humidificação do oxigénio administrado, um sistema humidificador deve ser colocado, preferindo-se os reservatórios de água estéril em detrimento à água bidestilada. Pelo facto dos copos humidificadores comuns não serem estéreis nem isolados 100% do meio externo, tornam-se favoráveis ao desenvolvimento de colónias de bactérias que poderão propiciar infecções do tracto respiratório. Nestes casos, a adopção dos sistemas Aquapack são a melhor opção, pelo facto de garantirem um melhor isolamento comparativamente aos copos tradicionais, por serem completamente descartáveis e de incorporarem água estéril no seu reservatório.

 

 

Fontes de informação

http://www.forumenfermagem.org/forum/index.php?topic=1314.0

http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5303a1.htm

AARC Clinical Practice Guideline. Oxygen therapy for adults in the acute care facility (2002 Revision and Update). Respiratory Care June 2002;47(6):717-20. (http://www.hubmed.org/display.cgi?issn=00201324&uids=12078655).

Miyamoto K. [Is it necessary to humidify inhaled low-flow oxygen or low-concentration oxygen?]. Nihon Kokyuki Gakkai Zasshi. 2004 Feb;42(2):138-44. (http://www.hubmed.org/display.cgi?issn=13433490&uids=15007913).

http://www.thoracic.org/sections/copd/for-patients/why-do-i-need-oxygen-therapy.html

http://www.shopmedrx.com/eh_images/HUD00340.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 13.11.07 às 15:18link do post | favorito


Estudo liga pílula contraceptiva a risco de cancro do colo do útero


"A pílula contraceptiva aumenta o risco de desenvolver cancro do colo do útero [...]. De acordo com a investigação, desenvolvida por especialistas internacionais liderados pela Universidade de Oxford, o risco é maior se as mulheres tomarem a pílula durante um largo período de tempo. [...] Esta não é a primeira vez que os especialistas encontram uma ligação entre a pílula e o cancro do colo do útero, mas até agora não estava clara a relação com o período de tempo".


(in público link)


Isto faz-me lembrar uma frase proferida por um investigador, cujo nome não me recordo, mas que numa das manhãs de Outubro passou pela praça da alegria na RTP1 e disse:


"A ciência que digo hoje, estarei a dizer o contrário daqui a 5 anos"


 

 


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publicado por Visao ENFernal, em 13.11.07 às 14:58link do post | favorito
A cirurgia para colocação de banda gástrica será comparticipada na íntegra pelo Estado Português:


in http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=5066

"O Estado irá pagar mais de 4507 euros por cada intervenção cirúrgica, o que representa mais do dobro do que comparticipava até ao momento. A notícia foi adiantada por Francisco George, que falava numa sessão pública entitulada "A obesidade e a saúde dos portugueses". O mesmo adiantou ainda que este tipo de cirurgia irá entrar imediatamente no SNS, indicada especialmente para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 40. Os pacientes com valores de IMC igual ou superior a 50 irão ter prioridade na cirurgia bariática, sendo esta igualmente gratuita para os pacientes com IMC de 35 que tenham recebido indicação médica para tal. Os doentes inscritos no Sistema de Gestão de Doentes Inscritos para Cirurgia (SIGIC) receberão igualmente o montante total da cirurgia".

Em pleno plano de contenção orçamental, o MS assume a comparticipação de uma cirurgia, na generalidade dos casos, evitável com medidas de tratamento, acompanhamento e prevenção. E continuam doentes crónicos, nomeadamente os portadores de psoríase, cuja condição não dependeu da sua livre e espontânea vontade, sem comparticipação Estatal sobre os fármacos.

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publicado por Visao ENFernal, em 10.11.07 às 18:47link do post | favorito

Para os Enfermeiros rendidos ao PDA, deixo aqui um conjunto de links que permitem o download de software para o Pocket PC completamente grátis.

 

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  • MD on Tap is an application for PDAs that retrieves MEDLINE® citations directly from the PDA through a wireless connection to the Internet.
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publicado por Visao ENFernal, em 09.11.07 às 15:27link do post | favorito



A controvérsia do uso de colóides ou cristalóides parece não terminar. Por mero acaso, encontrei um estudo bastante extenso e de impacto significativo, em que o objectivo foi estabelecer um paralelismo entre a mortalidade de doentes em estado crítico e a administração de colóides vs cristalóides.


 

Achei interessante este estudo pelo facto de apresentar uma amostra significativa:

 

 


 

Subjects: 37 randomised controlled trials were eligible, of which 26 unconfounded trials compared colloids with crystalloids (n=1622). (The 10 trials that compared colloid in hypertonic crystalloid with isotonic crystalloid (n=1422) and one trial that compared colloid in isotonic crystalloid with hypertonic crystalloid (n=38)

 

Com um objectivo bastante ambicioso, a intenção seria definir qual dos fluidos optar, independentemente da situação clínica que propiciou o estado crítico, que segundo estudo, incluía casos cirúrgicos, trauma, queimados, choques sépticos e ARDS.


 

Como resultados, verificou-se que o emprego de colóides, em situação de reanimação, estava associado a uma mortalidade de 24%, ao passo que na administração de cristalóides a estatística rondava os 20%. Ou seja, existe uma mortalidade acrescida de 4% no uso de colóides comparativamente com o emprego de cristalóides, independentemente do tipo de injúria que provocou a situação crítica.


 

Ora, como não existe evidência de uma eficácia significativa por parte dos colóides e, considerando que estão associados a uma despesa muito superior comparativamente aos cristalóides, a questão que se coloca é: “porque ainda fazem parte de várias guidelines e algoritmos de ressuscitação?”

 

 

 

No final da década de 80, estudos comprovavam que existia selectividade na eficácia de ambos:


 

 

The overall treatment effect when the data from all the clinical trials were pooled showed a 5.7% relative difference in mortality rate in favor of crystalloid therapy. When the data from only those studies using trauma patients were pooled, the overall treatment effect showed a 12.3% difference in mortality rate in favor of crystalloid therapy. However, when data from studies that used nontrauma patients were pooled, there was a 7.8% difference in mortality rate in favor of colloid treatment.

(in http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=Retrieve&db=PubMed&list_uids=2911805&dopt=AbstractPlus)

 

 

 

Os estudos mais recentes demonstram que, em traços gerais, o importante não é o tipo de fluído que é administrado, mas sim a reposição do volume. A actuação imperativa é a manutenção de volume circulante para garantir o transporte de oxigénio no organismo. Contudo existe uma selectividade no tipo de volume a utilizar dado que:

  • Existe maior eficácia dos cristalóides na reposição do volume intersticial;
 
 
  • Existe maior eficácia dos colóides na reposição do volume intravascular;
 
  • O uso de cristalóides aumenta o risco de edema pulmonar e edemas periféricos, afastando as células dos capilares, traduzindo-se num aumento do risco de hipoxia celular (que não ocorre com tanta frequência com os colóides dado que o risco de edemas é menor);
 
  • A hipercoagulação está associada ao uso de cristalóides, que em casos de choque séptico potencia a coagulação intravascular disseminada;
 
  • O uso de cristalóides em grande escala potenciam a acidose metabólica;
 

(in Hillman K. Colloid versus crystalloids in shock. Indian J Crit Care Med 2004;8:14-21)

 

 


A minha conclusão: a controvérsia vai continuar...


sinto-me:

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publicado por Visao ENFernal, em 08.11.07 às 01:04link do post | favorito


 

Tenho dúvidas sobre a comparticipação da vacina no nosso pais...


 

 

 

 

 

Para começar, os índices de mortalidade no nosso país são escandalosos, temos a mais alta incidência da Europa deste cancro, sendo o vírus HPV a principal causa. A média Europeia ronda os 10 casos por cada 100000 mulheres, ao passo de que em Portugal ronda as 17/100000. Contudo o nosso país padece da ausência de um programa nacional de rastreio ao cancro do colo do útero e, segundo o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, cerca de 70% das mulheres são afectadas pelo vírus do papiloma humano e mais de 80% delas contactará com ele a qualquer altura da vida.

 

 

Apesar do exame citológico ser gratuito nos centros de saúde, nem todas as mulheres usufruem desse direito. Sim, mas há quem defenda que existem muitas mulheres que recorrem ao privado, mas onde está documentado? Estão dados estatísticos elaborados e validados sobre isso?

 


 

Apesar das taxas de adesão não andarem muito longe da média Europeia, continuamos a utilizar o teste de papanicolau tradicional, enquanto os parceiros Europeus utilizam o rastreio virológico cuja sensibilidade é superior.

 

 

Não existem dados concretos das taxas de incidência de cancro do colo do útero no território português, dada a falta de informações adquiridas pelas instituições privadas – nomeadamente laboratórios -, podendo a realidade ser mais crítica daquela que os dados disponíveis apontam.

 

 

A vacina não erradica a infecção já presente, mas pode induzir benefício numa mulher já infectada com o HPV. Pode ser um benefício ou um factor contraproducente: induz desleixo, descuro nas práticas de prevenção, logo retomamos ao ciclo vicioso.

 

 

A vacina assegura uma protecção total contra os subtipos do vírus mais perigoso, associados a 75% dos casos de cancro do colo do útero. Contudo não confere protecção contra os 25% restantes.

 

Por último, e puxando a brasa à minha sardinha, a fraca adesão ao rastreio citológico está associado ao mau funcionamento dos serviços de saúde, que por sua vez encontra-se associado à falta de recursos humanos nos cuidados primários. Permitam-me “postar” aqui um dejá vu:

 

 


 

 

 

A título de curiosidade, deixo aqui a posição da Junta Directiva de la Sociedad Española de Medicina de Familia y Comunitaria, relativamente à inserção da vacina no plano de vacinação em Espanha.


 
  • Magnitud: la incidencia y morbi-mortalidad de la enfermedad es baja en nuestro país.
  • La infección por el VPH es una causa necesaria, pero no suficiente. En nuestro país, la mayor parte de las infecciones cursan de forma asintomática y en el 80-90 % de los casos se resuelven espontáneamente.
  • La vacuna no es una vacuna terapéutica.
  • La vacuna sólo es eficaz para prevenir lesiones displásicas por los genotipos incluidos en la vacuna.
  • Se desconoce la efectividad de la vacuna en el grupo de edad en el que se recomienda su aplicación como vacuna sistemática (9-14 años)
  • No se conoce la efectividad real, ni la duración de la inmunidad ni la necesidad de dosis de recuerdo.
  • En mujeres que han iniciado relaciones sexuales, la efectividad es muy baja y en algunos casos puede ser discutible.
  • No se dispone de datos de seguridad a largo plazo
  • Existen dos vacunas distintas y se desconoce si son intercambiables: Tetravalente: 6, 11, 16 y 18 (displasias y verrugas)- Gardasil Bivalente: 16 y 18 (displasias) - Cervarix
  • Puede administrarse conjuntamente con la vacuna de la hepatitis B, pero está pendiente estudiar la compatibilidad con otras vacunas
  • Existe la necesidad de seguir investigando i. Hacer estudios epidemiológicos y seguimiento de seguridad ii. Efectividad en otros grupos: varones, inmunodeprimidos...
  • La vacunación no sustituye la necesidad de seguir realizando cribado en mujeres vacunadas y no vacunadas
  • La vacunación es una actividad preventiva complementaria a otras actividades (preservativo, cribado...) en una estrategia preventiva global
  • Dadas las dudas expuestas sobre la efectividad de la vacuna, su coste- efectividad es discutible Por último, la semFYC considera que en caso de adoptarse finalmente la decisión de incluirla en el calendario vacunal, se recomienda restringir su uso solamente a las indicaciones aprobadas por el Consejo Interterritorial, evitando recomendarla a otros grupos de edad."
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