O Visão Enfernal volta e a REvolta contra a Enfermagem como arte continua. A sua afirmação como ciência voltará a tomar lugar neste blogue, centrando a sua essência na divulgação da mais recente evidência científica.
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publicado por Visao ENFernal, em 31.10.07 às 19:24link do post | favorito



Após a oxigenoterapia hiperbárica, surge mais uma modalidade de tratamento, não através do Oxigénio, mas sim a partir do Ozono. A inclusão de uma percentagem maior de ozono no ar corrente pode tornar-se a chave para tratamentos vários, nomeadamente de patologias infecciosas crónicas, alterações da coluna vertebral derivado de doenças degenerativas (ex: artroses), hérnias discais, vulvovaginites de repetição, insuficiências vasculares, arteriosclerose, patologias dermatológicas, patologias gastrointestinais, terapia odontológica e atrasos na cicatrização de feridas. Irei debruçar-me precisamente sobre esta última.

 

Das várias vantagens que este método terapêutico possui, há duas de que gostaria sublinhar:


 

1º   É possível a via de administração tópica;

 

2º Bastante seguro, quando usado em doses terapêuticas (na oxigenoterapia hiperbárica existe risco acrescido de toxicidade pulmonar e neurológica, mesmo com o emprego de doses terapêuticas controladas).


 

A aplicação tópica poderá ser efectuada por meio de uma bolsa de Teflon (ver imagem ao lado) com a mistura gasosa O2/O3 ou através de soluções aquosas (solução fisiológica ionizada) ou oleosas (óleo ionizado e cremes ionizados). O seu emprego está recomendado principalmente em feridas crónicas, cuja resolução é morosa, nomeadamente úlceras de pressão e de pé diabético, úlceras venosas e arteriais. As lesões infectadas poderão também beneficiar do tratamento com o ozono.


 

Os principais efeitos do ozono numa ferida:

 
  • Acção bactericida, bacteriostática, viricida e fungicida;
  • Provoca aceleração da angiogénese e aumento dos fibroblastos;
  • Aumenta a capacidade de absorção do O2 por parte dos eritrócitos;
 

A instabilidade é a principal desvantagem que o ozono apresenta, pelo que quer a mistura gasosa, como a solução aquosa, devem ser imediatamente utilizados após a sua reconstituição.

 

 

Para informações mais detalhadas, recomendo a leitura deste artigo da wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Ozone_therapy

 

 

 

O uso do ozono como terapia não é tão recente quanto se possa julgar, o mais estranho é a ausência de informação concreta na internet sobre este assunto. Por outro lado, observa-se um uso generalizado do ozono em SPA´s, institutos de beleza e estética.  Parece tão simples, mas ao mesmo tempo tão distante...

 

Fontes de informação

http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=4956

http://www.ozono-terapia.com/cas/formas_frame.htm

http://www.feridologo.com.br/ozonoterapia.htm

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302004000300016&script=sci_arttext

Imagens:

http://www.ozono-terapia.com/img/foto_cicatrizacion.jpg

http://www.almacenesmoreno.com/tienda/images/ozonoterapia.jpg


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publicado por Visao ENFernal, em 28.10.07 às 00:12link do post | favorito



Retirado do sítio  http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=4912

A farmacêutica Wyeth submeteu uma candidatura de aprovação suplementar à Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para comercializar o Tygacil (Tigeciclina) enquanto tratamento para a pneumonia. O antibiótico é actualmente utilizado em pacientes com infecções complicadas da pele e tecidos moles e infecções complicadas intra-abdominais.
[...]
Dois ensaios clínicos que envolveram a participação de 846 doentes demonstraram que o medicamento curou cerca de 90 por cento dos pacientes hospitalizados com pneumonia adquirida na comunidade. A taxa de sucesso para o Levaquin (levofloxacina), o tratamento habitualmente utilizado nestes casos, situa-se nos 86 por cento, afirmou a Wyeth.

O fármaco
insere-se na classe das glicilciclinas, antibióticos que são eficazes no combate a algumas bactérias que desenvolveram resistência a outros antibióticos.

Depois de aparecerem novos antibióticos como o Ceftobiprole, Dalbavancina, Daptomicina, Oritavancina e Ramoplanina, sendo alguns ainda alvo de ensaios clínicos para determinação da sua eficácia, surge a oportunidade de inserir no mercado este novo ATB derivado das tetraciclinas.

É de notar uma inércia inquietante por parte dos laboratórios na pesquisa de novos fármacos anti-infecciosos. Por um lado, as resistências bacterianas justificam um emprego acrescido na pesquisa de novas drogas mas a "indústria farmacológica" direcciona os olhares para potenciais grandes fontes remuneratórias. A infecção deixou de ser lucrativa ou medicamentos como os antidepressivos são mais aliciantes? É que nem toda a gente sofre de infecções durante uma vida inteira, mas segundo a OMS, 17% da população mundial sofre de depressão...




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publicado por Visao ENFernal, em 26.10.07 às 22:06link do post | favorito
O risco de infecção associado aos CVC´s está muito dependente da correcta desinfecção do local da punção. A técnica é já sobejamente conhecida e o desinfectante a usar continua a ser um assunto de polémica acesa. Nos Estados Unidos são efectuados anualmente vários estudos, em Unidades de Cuidados Intensivos, que correlacionam o emprego de x soluto e o risco de desenvolvimento de infecção no CVC.


O emprego da iodopovidona alcoolizada  em detrimento da iodopovidona simples em solução mostrou eficácia acrescida comprovada. Nos estudos demonstram que o uso de soluções à base de Clorexidina podem reduzir as taxas de infecção em 50%:


http://www.medscape.com/viewarticle/564782

October 25, 2007 — Chlorhexidine-based solutions should be considered as a replacement for povidone-iodine formulations, including those that are alcohol based, in efforts to prevent central venous catheter–related infection, according to the results of a study reported in the October 22 issue of the Archives of Internal Medicine.
[...]
Culture results were evaluable in 481 (89.4%) of catheters studied. Compared with use of povidone-iodine, the chlorhexidine-based solution was associated with a 50% reduction in the incidence of catheter colonization (11.6% vs 22.2%; P =.002; incidence density, 9.7 vs 18.3 per 1000 catheter-days). There was also a statistically nonsignificant trend toward lower rates of catheter-related bloodstream infection (1.7% vs 4.2%; P =. 09; incidence density, 1.4 vs 3.4 per 1000 catheter-days).
[...]
"Our results demonstrate that the use of a chlorhexidine-based solution rather than povidone-iodine is likely to result in decreased catheter colonization," the study authors conclude. "Given the extent of the benefit and the absence of incremental cost, chlorhexidine-based solutions should be considered as a replacement for povidone-iodine (including alcohol-based formulations) in efforts to prevent catheter-related infection."


Não há bela sem senão, dado que o aumento da eficácia acompanha o maior risco de desenvolver reacções adversas imediatas com o emprego da clorexidina, havendo casos de anafilaxia descritos na literatura (muito raros).

Uma vista de olhos pelo CDC, constatei com alguma estupefacção, que é quase do "senso comum" a eficácia da clorexidina comparativamente à iodopovidona, e várias são as publicações nessa matéria. Irão as nossas comissões de infecção basear-se nestes resultados e actualizar os procedimentos normativos, ou teremos que continuar a esperar por mais estudos?


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publicado por Visao ENFernal, em 25.10.07 às 18:20link do post | favorito


No que toca às úlceras venosas e os respectivos tratamentos, a Medscape publicou um estudo cujo objectivo seria obter uma correlação entre a eficácia do emprego de hidrocolóides, comparativamente ao uso de qualquer outro tipo de material de penso.

O resultado? A resolução de uma úlcera venosa não depende do produto, mas sim da compressão que é exercida sobre a perna, pelo que se preconiza o uso dos produtos atendendo ao seu valor de mercado.

Retirado do site da Medscape (http://www.medscape.com/viewarticle/563264):

Are Hydrocolloids any Better Than Other Dressings for Healing Venous Stasis Ulcers?

Palfreyman S, Nelson EA, Michaels JA
BMJ. 2007 Aug 4;335:244

Summary

The authors reviewed 42 randomized controlled trials to determine the most effective type of dressing for the management of venous stasis ulcers of the lower extremity. Several dressing types were included in the study: hydrocolloids, foams, alginate, and hydrofoil, with the focus on comparisons between hydrocolloids and others. All dressings were evaluated after being placed under a compression bandage. The study failed to find any difference in healing rates among the various dressing types, including hydrocolloids (RR = 1.02, 95% CI = 0.83-1.28).

Viewpoint

Various types of dressings have been recommended for lower-extremity venous stasis ulcers, which are vexing, troublesome lesions. This large meta-analysis updates an earlier one and does not find any particular type of dressing to be superior to another. External compression appears to be an important component of the treatment, with the underlying type of dressing being less significant. Cost, then, should be a major consideration in the choice of dressing.




Apesar de só 42 dos 234 doentes terem preenchido os critérios para o estudo (uma amostra significativamente baixa para a dimensão do trabalho em questão), a conclusão vai de encontro ao que se verifica na literatura. Do artigo realizado pela Enfermeira Kátia Augusto Furtado do Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil de Lisboa (2003), alojado no site do GAIF, retirei o excerto seguinte:


URL: http://www.gaif.net/ulceraperna.pdf


  


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publicado por Visao ENFernal, em 23.10.07 às 16:37link do post | favorito


Não pude conter a minha estupefacção, ao constatar os dados retirados de uma publicação realizada pelo Observatório Nacional de Saúde, intitulada "Uma observação sobre a utilização de “cuidados preventivos” pelo homem, em Portugal Continental". Dos dados recolhidos, respectivos ao último trimestre de 2006, queria sublinhar particularmente os seguintes aspectos:

  • "Toque rectal há um ano ou menos ·» 18%, nos indivíduos de 50-74 anos que declararam não ter doença da próstata (256);"

Infelizmente, o cancro da próstata é a SEGUNDA CAUSA DE MORTE POR CANCRO EM PORTUGAL, que todos os anos vitima cerca de 1500 homens. A principal razão para este facto é o desconhecimento, dado que "nove em cada dez dos homens consultados (90 por cento) já tinham ouvido falar desta doença, mas apenas 20 por cento tinham consultado o seu médico para falar especificamente sobre a doença e submeterem-se a rastreio e a um diagnóstico precoce" (in http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=23259&op=all".

  • "Pesquisa de sangue oculto nas fezes há dois anos ou menos ·» 17%, nos indivíduos de 50-74 anos que declararam não ter cancro colo-rectal (324)."
O cancro do cólon e recto representam a TERCEIRA CAUSA DE MORTE mais comum para os homens e a segunda para as mulheres, e a mortalidade tem vindo a aumentar - dados da DGS. Isto tudo aponta para uma relação causa-efeito: não há intervenção pelos organismos competentes no sentido de minimizar os factores desencadeantes com o incremento da participação das populações em acções de sensibilização e acção dirigida.


Continuamos na política do "deixa andar", pois se há fama que não tira ao "tuga", é a fama de  resolver as intempéries "em cima do joelho".


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publicado por Visao ENFernal, em 15.10.07 às 11:54link do post | favorito
Cientistas norte-americanos encontram-se a trabalhar no desenvolvimento de uma espécie de hidrogel com a associação de um espermicida que reveste as paredes vaginais por forma a substituir o preservativo comum:

"Desenvolvemos um novo gel vaginal, a que chamamos "um preservativo molecular", porque é constituído por moléculas que são líquidas à temperatura ambiente e que, quando aplicadas na vagina, se espalham e transformam num gel, cobrindo efectivamente o tecido", afirma Patrick Kiser, o investigador líder do projecto. "É um preservativo molecular inteligente, porque concebemos o gel para libertar uma droga anti-HIV quando em contacto com sémen durante o coito", adiantou, citado num comunicado de imprensa".
.


O contágio sexual é, neste momento, o principal veículo de transmissão do VIH (38,9 por cento), concomitantemente associado a uma taxa de utilização de preservativo decadente no nosso país. Esta nova geração de métodos de barreira poderão solucionar problemas que se arrastam e que as meras campanhas de sensibilização por órgãos de comunicação social, trabalho comunitário e instituições de saúde simplesmente falharam.


Já agora, estima-se que muito em breve só 1/3 da população infectada com HIV tem acesso à respectiva medicação retroviral. Se nos encontramos em pleno plano de contenção orçamental com um crescente aumento de pessoas infextadas, para quando a diminuição do preço dos retrovíricos? Força nos genéricos!

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publicado por Visao ENFernal, em 13.10.07 às 22:10link do post | favorito
"A FDA autorizou a Dade Behring Inc., que produz instrumentos para diagnósticos clínicos, a comercializar os testes para uma rápida identificação de bactérias Gram+ resistentes a antibióticos. A agência norte-americana aprovou o produto MicroScan Synergies Plus Gram Positivo que identifica bactérias em duas horas, e fornece resultados, no próprio dia, para estirpes que causam graves ameaçam para a saúde nos hospitais.

O novo teste da Dade Behring pode detectar alguns dos mais perigosos germes resistentes a fármacos, tais como os staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA). O teste também detecta staphylococcus aureus resistentes à vancomicina (VRSA), e enterococcus resistentes à vancomicina (VRE). A resistência aos antibióticos prolonga a doença nos pacientes e coloca-os num grande risco de morrer".

Retirado do site: http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=4721



Surgem boas notícias da indústria farmacêutica, finalmente poderemos "Iniciar medidas de prevenção de contaminação" de forma mais atempada com vista a diminuir a prevalência da infecção nosocomial com agentes tão patogénicos como o MRSA. Pelo que pude apurar, este equipamento detecta estirpes resistentes à vancomicina na ordem dos 95%.
Esperar vários dias por resultados de microbiológicos de expectoração ou de hemoculturas poderá ter os dias contados, agora falta saber quanto tempo demorará operacionalizar estas novas tecnologias nos laobratórios hospitalares.

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publicado por Visao ENFernal, em 11.10.07 às 18:25link do post | favorito


Hoje é…

 

… o dia mundial de luta contra a dor.

 

Valiosos têm sido os esforços realizados pelas organizações governamentais em matéria de luta contra a dor. Portugal orgulha-se por ter sido um dos pioneiros em estabelecer um dia distinto em prol da luta contra a dor – o 14 de Junho –, contudo não basta reconhecer a importância que o recente 5º sinal vital adopta na qualidade de vida dos Portugueses.

Em 2001 surge o Plano Nacional de Luta Contra a Dor (PNLCD), assumindo a dor como “verdadeiro problema de saúde pública”, tendo como meta central o “equipamento de 75% dos hospitais portugueses com unidades de dor vocacionadas para o tratamento da dor crónica” (in http://www.correiomanha.pt/noticiaImprimir.asp?idCanal=0&id=134471).

Devo relembrar que o controlo eficaz da dor é um “dever dos profissionais de saúde, um direito dos doentes que dela padecem e um passo fundamental para a efectiva humanização das Unidades de Saúde” (Direcção Geral de Saúde). A boa prática de Enfermagem implica o uso sistematizado e generalizado das escalas da dor propostas (numérica, qualitativa ou de “de faces”), avaliação do tipo de dor e aplicação de estratégias não farmacológicas no alívio e controlo da mesma. Contudo a boa prática resultaria no bem-estar do doente, ausência de dor e de sensação de bom atendimento, realidade esta que se encontra aquém das expectativas. Por outro lado é imperativo reiterar o uso da avaliação da dor como sinal vital. Compreenda-se que existe um incumprimento da norma nº 09/DGCG de 14/06/2003, da Direcção Geral da Saúde em que se prevê a avaliação sistematizada da dor, da mesma forma como se encontra prevista para a temperatura, tensão arterial ou pulso, verificando-se apenas aquando do aparecimento da dor como sinal ou sintoma referido pelo doente.

Por outro lado, a problemática da competência dos enfermeiros para lidar com a dor é preocupante, baseando-se, de forma global, na actuação meramente farmacológica. E heis que me surge uma dúvida existencial… Sendo os enfermeiros a classe mais inquietada relativamente ao controlo da dor, não estaríamos mais aptos para prescrever a analgesia mais adequada ao doente em questão? É óbvio que não… mas pensemos no assunto…


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publicado por Visao ENFernal, em 10.10.07 às 19:49link do post | favorito

Hoje é celebrado o dia mundial da saúde mental, uma efeméride não esquecida pela Ordem dos Enfermeiros que vincou a aposta na prestação de cuidados que atendam à diversidade cultural e acessibilidade alargada.

 

http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/saude+mental+cartazes.htm

 

Os cartazes, distribuídos pela OE por cerca de 840 hospitais, centros de saúde, associações, escolas superiores que ensinam Enfermagem e outras instituições de saúde, têm como objectivo reforçar a ideia de que os cuidados de enfermagem devem considerar e adaptar-se à diversidade cultural da sociedade.

Ou seja, pretende-se que cuidados de enfermagem culturalmente sensíveis ajudem a solucionar os problemas de saúde mental da população migrante, actuando, simultaneamente, como agentes que promovem a saúde e previnem a doença mental.

Além disso, a Ordem procura salientar a ideia de que os enfermeiros estão empenhados em fornecer cuidados acessíveis, equitativos e próximos de todos os cidadãos, independentemente da sua nacionalidade, raça ou etnia, crenças ou valores.

 

Numa realidade em que cerca de um milhão de portugueses sofrem de perturbações mentais, estima-se que 1% de toda a população portuguesa sofre de esquizofrenia, estatística partilhada pela restante população mundial.

A conjuntura actual relativa aos problemas assistenciais ao doente mental torna-se crítica perante dados assustadores do défice de reinserção social. São poucas as estruturas viabilizadas pelas instituições de apoio ao doente mental que fomentem a readaptação do esquizofrénico ao seu quotidiano, que se traduz em internamentos prolongados sem justificação clínica.

Relato o caso da casa de saúde de S. José em Barcelos, que reflecte um quadro muito explícito da realidade corrente: “estão 215 homens internados com patologias mentais. “todos eles poderiam ter alta - já hoje - se tivessem retaguarda social e familiar e um emprego” (in Jornal de Notícias, edição de 10 de Outubro de 2007 – Zona Norte).

Torna-se peremptória a organização dos serviços de saúde no sentido de articular instituições com apoios sociais de rectaguarda. Neste aspecto faria todo o sentido a participação dos cuidados de saúde primários no acompanhamento do doente mental no percurso da sua readaptação, papel esse bastante descurado e que sistematiza, obrigatoriamente, a institucionalização do doente mental, como “meio exclusivo” de tratamento.

Não negligencio a importância da diversidade cultural na abordagem ao doente mental, mas a razão leva-me a priorizar a reflexão de problemas desde a raiz… antes que a árvore caia.


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publicado por Visao ENFernal, em 09.10.07 às 18:45link do post | favorito



A propósito da gestão do risco hospitalar, um estudo efectuado demonstra que a segurança dos doentes internados encontra-se comprometida por dois factores essenciais: o erro humano e os efeitos adversos da medicação administrada.

Os dados não são animadores e mesmo a  OMS e outros organismos competentes apontam para estimativas assustadoras: “um em cada 10 doentes é alvo de um problema assistencial”.

“As organizações prestadoras de cuidados de saúde, pela natureza da sua actividade, são uma área de risco por excelência” (Ordem dos Enfermeiros, 2005), daí tornar-se imperativa a descoberta dos agentes precipitantes da estatística apontada.

Relativamente à segurança do medicamento…

... ainda mais gravosas são as consequências das reacções adversas, que matam 106 mil doentes a cada ano que passa, e que em três quartos dos casos são perfeitamente evitáveis. Diante deste cenário, a Ordem dos Farmacêuticos salientou a necessidade de promover programas de gestão do risco hospitalar, envolvendo os hospitais, as empresas farmacêuticas, as distribuidoras e os profissionais.

Quanto ao erro humano…

…os mais recentes dados disponibilizados pela Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) apontam para a ocorrência de sete mil mortes anuais devidas a erros relacionados com a utilização de fármacos em ambiente hospitalar, e de cerca de 20 mil óbitos por ano associados a outros erros médicos.

Os erros de medicação são uma das principais causas de morte e incapacidade, e segundo a ordem dos enfermeiros, “anualmente morrem mais pessoas devido a erros de medicação do que em acidentes de trabalho”. Assume-se de forma errónea que a segurança do doente compete quase exclusivamente ao Enfermeiro, contudo segundo a OE a vigilância por parte de enfermagem protege o doente de práticas inseguras (“um estudo demonstrou que os enfermeiros detectaram 86% de todos os erros de medicação por parte dos médicos, farmacêuticos e outros antes que os erros ocorressem”).


Quanto aos erros de medicação associados à Enfermagem, salientam-se:

  • Omissão da administração
  • Administração de dose imprópria
  • Medicação não autorização (prescrição inexistente)

Relativamente aos factores mais comuns associados ao erro:

  • Uso do nome errado do medicamento, da forma de dosagem ou abreviação
  • Erros de calculo de dosagem
  • Dosagem atípica ou incomum e crítica

A solução não passa na culpabilização do profissional, muitas das vezes ao erro de medicação encontra-se implícita disfunções organizacionais, condições de trabalho precárias e falhas graves no sistema. Muito pelo contrário, a OE aposta na comunicação do erro como “primeiro passo no processo de redução dos mesmos e na melhoria contínua da qualidade. […] A comunicação de retorno e a divulgação da informação podem sensibilizar e levar à compreensão dos erros que ocorrem no sistema e uma melhoria na sua estrutura de forma a reduzir ou eliminar os erros de medicação”.

 

Fontes de informação:

Ordem dos Enfermeiros (2005). Erros de medicação. [Documento WWW] URL: http://www.ordemenfermeiros.pt/images/contents/uploaded/File/medicacao.pdf

TEIXEIRA, C. (2007, Setembro). Erros de medicação ameaçam segurança no internamento
[Documento WWW] URL: http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=4657

 



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publicado por Visao ENFernal, em 08.10.07 às 17:35link do post | favorito


A doença coronária tornou-se, a partir dos anos 50, a principal causa de morte. Felizmente esta tendência encontra-se em regressão com todas as medidas de sensibilização adoptadas pelos organismos competentes, no entanto, paradoxalmente verifica-se um aumento do nº de casos de doença coronária em adultos jovens, com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos.

No caso do adulto de meia idade e idoso, a epidemiologia encontra-se associada a factores sobejamente conhecidos, dentro dos quais a obesidade, hipertensão arterial não controlada, hipercolesterolémia, sedentarismo, diabetes e tabagismo. A inexistência de estudos que comprovem os factores que desencadeiam o aumento da incidência de casos de doença coronária em adultos jovens impulsionou a investigação de uma amostra de doentes dessa faixa etária internados em hospitais do Porto e zonas limítrofes, por parte de uma equipa do serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, num estudo liderado pela epidemiologista Carla Lopes:



Retirado do site http://newsletter.up.pt/pt/actualidade/673/?page=60

 

"Um estudo único em Portugal realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto mostrou claramente que os indivíduos com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos com níveis de escolaridade baixos (4.º ano ou menos) têm um risco 6 vezes maior de sofrerem um enfarte agudo do miocárdio do que as pessoas com mais de 10 anos de frequência escolar.

Embora o número de enfartes do miocárdio tenha vindo a diminuir em Portugal e nos restantes países ocidentais, há dados que indicam que os casos de enfarte em jovens adultos (entre os 20 e os 45 anos) têm aumentado. Para avaliar esta tendência, o Serviço de Higiene e Epidemiologia da FMUP estudou uma população de 350 jovens adultos que sofreram um enfarte e que foram internados num dos hospitais do Grande Porto, e um outro grupo de 750 indivíduos da mesma área geográfica, mas sem episódios de enfarte do miocárdio.

De acordo com os resultados deste estudo liderado pela epidemiologista Carla Lopes, para além da baixa escolaridade, os principais factores de risco para o enfarte do miocárdio nos jovens adultos não diferem dos apontados para populações mais velhas. No entanto parecem existir factores agravantes: um adulto de meia-idade diabético tem um risco duas vezes superior de ter um enfarte, mas um jovem adulto vê esse risco aumentado 10 vezes, relativamente a um não-diabético. Para além disso, o exercício físico parece não ter um efeito protector tão acentuado nos mais jovens como tem nos mais velhos.

Relativamente aos restantes factores de risco, são já sobejamente conhecidos: fumar e ser obeso, sobretudo quando a gordura corporal está acumulada na zona abdominal, aumenta em larga medida o perigo de enfarte.

A análise dos dados recolhidos durante a investigação não está ainda completamente finalizada. Os investigadores seguem agora para a avaliação dos hábitos alimentares da amostra do estudo. OM/FMUP "






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publicado por Visao ENFernal, em 08.10.07 às 14:47link do post | favorito
Um grande boa tarde a todos!

Heis que derradeiramente me estreio no mundo dos blogs. Até hoje frequentava com bastante assiduidade aos blogs alheios, mais concretamente dos colegas de trabalho. Admito com veemência que nunca ponderei criar um blog, contudo surgiu a ideia de escrever pequenos artigos na net sobre assuntos de interesse pessoal. De entre todas as possibilidades possíveis, um blog seria certamente a mais fácil.

Chega a altura de me apresentar...
 
Sou Enfermeiro no serviço de Medicina 2 - unidade B do Hospital Geral de Santo António, EPE. Instituição que me acolheu há pouco mais de um ano, tendo antes exercido funções em vários serviços do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, dentro dos quais na UCIM (Unidade de Cuidados Intermédios de Medicina), Medicina 3 e uma breve passagem pela recente Unidade de AVC´s.

Com muita pouca experiência profissional mas uma vontade imensa de aprender, abraço a minha profissão com bastante ânimo. Será que sempre quis ser Enfermeiro? Será uma resposta que possivelmente nunca saberei responder, mas concerteza sei afirmar que é o que neste momento quero Ser.
Numa época talhada de mudanças extremas, a Enfermagem não passa despercebida a todo o progresso ENFernal que se verifica correntemente, o que implica que haja necessidade acrescida pelos profissionais de saúde uma contínua melhoria das suas práticas, das suas competências e forma de estar.

Foi neste sentido que senti necessidade de criar este blog, um veículo de ponderação sobre a Enfermagem numa visão muito particular.

Despeço-me com a esperança de conseguir manter a "chama viva" por muito tempo.
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